Drogas, punição, prisão!

"A pena pelo uso de drogas nunca deveria ser mais prejudicial que a própria"

A frase acima foi compartilhada por um seguidor do blog que já se tornou meu amigo. O Júnior - Um adicto em recuperação e eu hoje a utilizo como um post.

No post Drama das famíias por causa do crack  ele fez um comentário e mencionou em que ocasião essa frase foi usada por ele, vale a pena conferir.

A verdade é que essa frase me fez refletir a cerca da questão social das drogas, a forma como o dependente químico ainda é visto aos olhos de muitos, uma vez que, para "esses" muitos, a solução para a dependência química é a punição por meio da prisão, não percebem que a maior punição o dependente já está vivendo, a sua adicção é a sua punição, mesmo que não esteja aparente, mesmo que essa punição esteja camuflada, porque é o que acontece, vemos o dependente se afundando nas drogas e nos esforçamos para tirá-lo de lá e muitas vezes essas tentativas são em vão, o dependente parece não querer sair dessa vida, aí o culpamos por estar nela e quando percebemos que ele não reage e continua a se fundar, passamos até a cultivar um sentimento de revolta e raiva perante aquele dependente, não nos damos conta que ele já está sendo castigado pelas suas decisões.

O dependente químico não precisa de castigo ou punição, precisa de ajuda e tratamento.

Já ouvi inúmeras vezes, pessoas falarem frases do tipo ' Ele não quer se ajudar, então, azar é dele"

Na minha opinião, o dependente químico é tão vítima das drogas quanto a qualquer outra pessoa, o que difere é que foi ele que procurou tal situação, mas isso não faz com que ele não sofra ou não sinta o peso de sua fraqueza.

É fácil querer mandar para a cadeia uma pessoa que está seguindo o caminho errado, mas, será que não está visível que a dependência química é em muitas vezes consequência de um "tipo" de vida que somos obrigados a ter onde não temos as mínimas condições necessárias para se viver, onde o básico, o que é de nosso direito está escasso?

Eu concordo com cada palavra da frase acima e fico feliz por saber que essa situação está mudando, felizmente, algo está sendo feito a respeito, ainda é pouco, mas, mentes estão se abrindo e muitos hoje já conseguem enxergar que o dependente não é bandido, a princípio, ele é um doente!

Ainda sim, há muito a ser feito, a questão Social das drogas é muito mais complexa do que imaginamos, uma vez que. se partimos da premissa que o dependente já estava com algum problema antes de entrar para as drogas, fica visível que algo já estava falhando no decorrer da sua existência e com isso, o adicto em recuperação, além de carregar o fardo para o resto da sua vida de ser um dependente em constante recuperação, ele terá que saber identificar quais os fatores que o motivaram à ir procurar as drogas, a fim de evitar tais sentimentos e atitudes.

O meu ex-namorado, pessoa que eu conhecia bem, que eu coloquei dentro da minha casa, e mesmo após sofrer perdas materiais devido as drogas, eu sabia que ele não era um marginal, ele era incapaz de fazer algum mal à alguém ou cometer algum delito, e, ainda sim, quando não estávamos mais juntos eu soube que ele havia sido preso. PRESO porque estava sendo controlado pela sua compulsão pelas drogas, porque estava adoecido, não porque era um bandido, e ainda sim, o seu destino foi para atrás das grades e não uma clínica ou comunidade de recuperação!

Pois é, isso ainda acontece, por isso repito, melhorou, mas, ainda falta muito e depende de nós fazermos a diferença, fazermos com que essa situação mude e que nunca mais um dependente seja visto como um bandido! 

Termino esse post com uma frase de um escritor e doutor que eu muito adimiro - Augusto Cury:

"A pior prisão do mundo é a que aprisiona a nossa emoção e nos impede de sermos livres e felizes"

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