sábado, 28 de janeiro de 2012

Escolhas!


Não é muito difícil encontrar algum comentário nos blogues que sigo, de alguém falando sobre escolhas, o que me chama a atenção é o fato de que normalmente vejo tais comentários nas postagens de alguém dizendo que decidiu seguir em frente, decidiu voltar a viver, decidiu ser feliz só por hoje!

Pois é, me desculpem a minha sinceridade, mas, eu como Codependente em recuperação, só por hoje, tenho que falar, tenho que desabafar. Por que as pessoas pensam que fomos nós quem escolhemos não estar mais ao lado do dependente químico que amamos ou que um dia amamos?

Por que as pessoas olham dessa forma? "Ah, você decidiu viver sem o seu amor"

Pára tudo! Não fui eu quem decidi viver sem ele, foi ele que ainda não decidiu viver!

Entendem a diferença? Somos tão codependentes que nem percebemos que continuamos a "proteger" o D.Q de tal forma que quando uma co escolhe voltar a viver, ela é vista de certa forma como se tivesse abandonado o barco, como se tivesse pulado fora, mas espera aí minha gente, eu sou responsável pelas minhas escolhas, mas, não posso ser responsável e penalizada pela as escolhas de mais ninguém, nem mesmo de quem amo, se eu escolher seguir em frente não significa necessariamente escolher seguir sem o "amor" do lado, escolher seguir em frente significa escolher viver a vida, é ele que escolheu não viver essa vida ao meu lado.

Quem me acompanha desde o começo, sabe que defendo e muito em meu blogue a ideia de que o D.Q na ativa perde o poder de escolhas, de decisão, eu defendo sim a ideia de que como um D.Q vai pedir ajuda se ele está domado pela vontade incontrolável de usar drogas, mas, não posso fechar meus olhos para a verdade, acredito que um dependente na ativa, como o que está na biqueira, na boca, na cracolândia não em condições de decidir parar ou não, mas, um D.Q em processo de recuperação, um D.Q que já deu o primeiro passo, o passo mais difícil que é o da escolha de parar, esse sim tem um pouco mais de condição de de decidir viver ao lado de quem ama ou decidir não viver e sobreviver somente.

Longe de mim julgar um D.Q, seja ele em recuperação ou não, por tudo o que vivi com meu ex, sou uma das primeiras a defender a "causa", mas, me revolta um pouco saber que a Co que decidiu viver, será sempre vista como aquela que desistiu de seu amor.

A vida é feita de escolhas, e só quem escolhe seguir em frente sem o seu D.Q sabe o quanto lhe custa tal decisão...

"Anjo Gabriel, eu escolhi viver, escolhi parar de sobreviver e voltar a viver. eu hoje posso dizer com toda certeza que fiz a escolha certa, não por você, mas por mim, pela a minha sobrevivência. Quanto a você? Pelo o que sei, você ainda não fez sua escolha, mas, saiba que SÓ ENQUANTO EU RESPIRAR, VOU ME LEMBRAR DE VOCÊ " e completo dizendo que Só enquanto eu respirar, vou ter fé na sua recuperação...


domingo, 22 de janeiro de 2012

Aqui Jaz uma Codependente!


O sol brilha no céu, como uma imensa bola de fogo, aquecendo e trazendo conforto à aquele momento que é uma mistura de dor e alegria.

As pessoas vão chegando aos poucos, alguns rosto bem conhecidos, outros, nem tanto, mas, sei que todos que aqui estão é porque de alguma forma, seja ela direta ou indiretamente, tiverem alguma relação com essa história, com a minha história.

De onde estou, não consigo ver tudo, não consigo ver o horizonte, mas sei que ele está lá, de onde estou, vejo apenas o céu em seu azul claro e as nuvens que parecem brincar de pega-pega com seus movimentos.

Eu ouço o barulho de choro, sinto algumas lágrimas me molharem, eu vejo algumas flores, lindas flores por sinal e vejo as pessoas se aproximarem ao meu redor, eu me tornei o centro das atenções.

O silêncio toma conta, as vozes que antes pareciam serem de um milhão de pessoas, se calam, dando espaço para somente uma única voz, uma voz macia e suave.

"Caros amigos,


Hoje estamos aqui, todos, pelo mesmo motivo, estamos aqui para lembrar e homenagear uma pessoa que com certeza fez o seu melhor para ser quem era. Uma mulher, uma jovem mulher que desde cedo vivenciou a dor e o amor em suas formas mais intensas. 


Estamos aqui, para fazermos nossa última homenagem, mas não para a mulher meiga, sorridente, alegre e otimista, estamos aqui para fazermos nossa última homenagem para a mulher que ela se tornou com as experiências vividas. Damos o nosso Adeus para uma mulher que por um bom tempo carregou consigo a culpa, uma mulher que se sentia na obrigação de salvar o mundo, que se sentia na obrigação de passar por cima de seus sentimentos, de suas vontades para satisfazer as de quem ela amava.


Hoje, essa mulher já não está mais entre nós, essa mulher manipuladora, às vezes egoísta, chantagista, melindrosa e de baixo auto-estima está nos deixando.


E antes que alguns comecem a chorar novamente, quero que saibam que essa mulher está extremamente feliz por não estar mais entre nós, ela está feliz por estar fazendo o funeral de alguém que ela não quer mais ser, de alguém que ela não é e sim havia sido.


Por isso, meus caros amigos, é com imensa alegria que eu lhes digo que AQUI JAZ UMA CODEPENDENTE! Uma codependente que por algum tempo, permitiu ser mantida refém por esse transtorno, uma codependente adoecida, que queria mudar o mundo achando que somente a sua forma de mudar era a correta, uma codependente que se anulou ao ponto de parar de viver e passar somente a sobreviver, uma codependente que havia deixado de ver o lado bom da vida, porque a vida estava pesada demais para ela, uma codependente que se manteve firme ao lado do seu amado dependente porque não se sentia no direito de fraquejar, uma codependente que cometeu insanidades para acobertar os rastros da escolha errada que seu amado dependente havia deixado. Uma codependente que manipulava, mentia, chantageava, que usava o AMOR como ferramente para tentar conseguir, quase que todas as vezes sem sucesso, que seu amado dependente mudasse de estrada.


De agora em diante, teremos apenas lembranças dessa mulher, lembranças de como não queremos que ela volte a ser, somente isso e nada mais."


Quando aquela doce voz se calou, eu fechei meus olhos e por alguns segundos, revivi cenas daquela mulher, daquela codependente, de mim. Revivi alguns momentos que quis por muito tempo esquecer  e ao reviver esses momentos, lentamente, fui me perdoando por cada erro cometido durante aquela jornada, fui me convencendo de que eu fiz o que fiz por achar ser o certo e que era hora de perceber que o passado serve para ficar no passado, que devemos tirar dele o que ele tem de melhor e aprender com ele os erros cometidos e nada mais.

Abri meus olhos novamente e tudo ficou claro, tão claro quanto o brilho do sol.

Aqui Jaz Uma Codependente, e aqui renasce uma mulher."


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Resposta à uma leitora do meu livro

Olá amigos que amo incondicionalmente, amigos que me ajudam diariamente em minha recuperação, como vocês estão?

A postagem de hoje vai ser para responder um comentário de uma pessoa que também sabe o que é estar ao lado de um D.Q., ela deixou um comentário em uma postagem e achei bacana responder por aqui, porque achei interessante o comentário dela.


vivianeJan 15, 2012 04:11 PM
Me desculpe mas comprei o livro achando que ia me ajudar em algo e confesso que alguns capítulos eu me senti descrita,a dor no peito , a terra se abrindo....tudo como vc sentiu eu sinto .Mas o final foi uma decepção.Como vc pode ter desistido de um grande amor assim ? Como consegue deitar e dormir todas as noites ?
Eu juro que não me conformo com a idéia de vc ter casado e seguido sua vida....Eu vou lutar até o fim pq isso é toatal covardia...Me desculpe.

Viviane, em primeiro lugar, obrigada pela confiança em comprar o meu livro, se você o comprou, é porque de fato vive ou viveu algo parecido não é mesmo? Conhece bem essa dor não é mesmo?

No começo do livro eu falo que não é um romance, embora seja sim uma linda e verdadeira história de amor, eu tenho certeza de que foi.

Quero apenas deixar claro que "desistir" desse amor foi o ato mais corajoso da minha vida, desistir dele, sabendo que eu teria que conviver com essa decisão pelo resto da minha vida, exigiu de mim muita coragem, coragem para admitir que eu não tinha mais forças para continuar, (admitir isso, foi o começo da minha recuperação, afinal, a codependência nos dá a suposta impressão de força), coragem em admitir para o mundo que o amor dele por mim não era mais forte do que o suposto amor dele pelas drogas, coragem para dizer para mim mesma que eu tinha que pensar em mim, tinha que ser egoísta e aguentar as consequências disso.

Como consigo dormir todas as noites? Rezando todos os dias por ele, fazem quase 9 anos que tudo isso aconteceu e como pode ver, 9 anos depois, eu ainda escrevo em um blog, comento nos blogs de minhas amigas e escrevi um livro, sabe por que tudo isso? Porque eu jamais vou me esquecer dele, porque eu segui em frente sim, mas jamais deixei ele para trás, ele está em minhas orações, eu ainda tenho a esperança de vê-lo curado.

Sabe Viviane, você deve conhecer o blog da Poly  - Amando um Dependente Químico, ela é uma das mulheres que mais admiro, pela força, garra, coragem, e foi ela quem me ajudou a me perdoar, me ajudou a aceitar e a encarar a realidade. Foi com esse comentário deixado por ela que percebi que eu tomei a decisão certa e que eu não preciso mais me culpar por ela.


Poly P.Jun 3, 2011 09:56 AM
Querida Giulli, "abandonar o barco" nem sempre é sinal de fraqueza... De que adiantaria se afundar com ele? Livre-se dessa culpa, por você, por sua filha, por seu casamento... Se alguém estiver se afogando, tente salvá-la, mas, se no auge do desespero, ela estiver afogando você também, solte-a e nade, salve-se! Isso é regra de sobrevivência! Tenho certeza que fez o que pode, o que foi capaz. Se ele se afundou, foi porque não nadou, e não porque você não o carregou nos braços...

A verdade é que a minha dor, não é maior e nem menor do que dor de ninguém, mas, é a minha dor, só minha e ninguém poderá senti-la por mim nem tampouco compreendê-la, assim como não posso falar da dor de ninguém, faço apenas ideia de como ela é, mas não posso mensurar a dor de ninguém.

Eu gostaria de ter tido a garra da Poly, da P, da Tininha, da Emily, da Adri, a sua e tantas outras que ainda lutam pelo seu amado D.Q, eu não tive, eu tinha dezoito anos, mal sabia diferenciar uma droga da outra e tive um namorado que me amou como ninguém mais vai amar e que mesmo assim, não conseguiu largar as drogas para viver esse amor.

Como eu disse no livro,  eu não acredito em acasos, por isso, acredito que eu tive sim uma missão ao lado dele e eu acredito no verdadeiro amor, sei que o que tivemos, mesmo com pouca idade, foi verdadeiro...

Hoje, eu vivo sem culpas, eu vivo o meu hoje, sou feliz agora, nesse minuto, mas, estarei sempre esperando pela recuperação dele.

Eu não desisti dele, eu desisti de sofrer, e acredite, tomar essa decisão não foi fácil, porque sofrer é mais fácil do que se levantar, muita gente usa o sofrimento como bengala para justificar seus fracassos, suas frustrações, suas dores e a partir do momento que decidi seguir em frente, eu tive que largar essa bengala...

Viviane, obrigada pelo comentário, acho que muitas outras pessoas tenham a mesma visão que você, achei legal você fazê-lo, você me deu a oportunidade para repensar se de fato eu me perdoei... É, eu me perdoei!

Estamos juntas, mesmo eu hoje não estando mais ao lado de um dependente químico, saiba que apoio e admiro quem está!!!

Que o Poder Superior nos ilumine!

Boa Semana à todos...





quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Com minha codependência aprendi...



Ao controlar a minha codependência, eu aprendi que não preciso fugir de mim mesma para agradar alguém.

Aprendi que preciso antes de mais nada me aceitar, que preciso me amar, que não posso colocar todas as minhas expectativas em "cima" de alguém.

Aprendi que preciso estar sempre próxima de mim mesma e que tenho poder de decisão somente sobre a minha vida e de mais ninguém.

Aprendi que nem sempre o que julgo ser importante e essencial para mim é também importante para o outro.

Aprendi a aceitar as críticas sem me corroer por dentro, mas, aprendi também a recusá-las quando não são construtivas.

Aprendi a controlar e canalizar meus acessos de raiva, aprendi que ser contrariada faz parte do processo da vida.

Deixei de ser perfeccionista, aprendi a relaxar.

Deixei de ser insegura, passei a confiar mais em mim mesma e em meu "Poder Superior".

Percebi que não sou o centro das atenções, demorou, mas percebi.

Aprendi que não sou a heroína do mundo, nem mesmo a heroína de quem está próximo de mim, não sou e nem preciso ser.

Parei de buscar situações onde eu me colocava na posição de fracassada.

Aprendi que a minha auto-estima é MINHA, portanto não pode depender de fatores externos para se manter "em alta".

Com a minha codependência em recuperação, aprendi a VIVER e DEIXAR VIVER!!!

Viva e deixe viver!!!

Boas 24 horas para todos nós!

Só Por Hoje, eu escolha a serenidade em minha vida!

" Ninguém pode nos ferir sem o nosso consentimento"
                                                   
                                                    Eleanor Roosevelt.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A dependência em cena!


As luzes do grande palco são acesas, ao fundo, uma música melancólica torna a encenação ainda mais triste, o personagem ali representado é muito mais do que mero personagem, as lágrimas derramadas durante aquela grande estréia são reais, a dor representada ali em um grito, um grito de socorro, é verdadeira, tudo é real, o palco se torna tão grande que faz com que você se sinta ainda mais sozinha e por falar em sozinha, nessa grande estréia falta uma coisa, o público!
É... É justo nesse momento, o momento em que você estava contanto com que todos seu amigos, parentes, conhecidos, colegas e afins estivessem lá, para vê-la, para incentivá-la, mas, ao contrário do que você gostaria, não estão.
Não há ninguém lá.
A solidão é sua companheira e sua sombra feita pela luz é a sua única companhia.
Você já se viu em uma cena parecida?
Já teve esse sentimento? De que a população do mundo não é tão grande assim como dizem os números, porque se fosse, você acredita que não estaria sozinha?
Essa é a sensação de alguém que acabou de descobrir a dependência química de alguém que gosta, é essa solidão que sentimos e é essa dor que vivemos.
Uma doença, como pode uma doença gerar tanto preconceito? Por que não nos sentimos à vontade para dizer aos outros que temos alguém que amamos adoecido com essa doença?
Por que temos medo de sermos julgados ao falar que o nossos namorados, maridos, filhos, estão viciados em drogas?
Por que temos que encenar essa história praticamente sozinhos?
Eu não sei, durante muito tempo eu me fiz essas perguntas, durante muito tempo eu achei que tinha que esconder do mundo o que eu vivi enquanto namorei um dependente químico, como se isso fosse algo para se envergonhar, hoje eu penso diferente, não é algo para se orgulhar, mas, descobri que é algo a se falar, falar cada vez mais, para que mais pessoas se libertem dessa dor, da dor de carregar sozinha o mundo em suas costas, para que mais pessoas descubram que não precisa ser assim.
Dor dividida é dor diminuída, por isso, meu conselho para quem vive isso hoje é: Não tenha vergonha, se você souber procurar, verá que não está sozinha...

Estamos aqui para nos ajudarmos, sempre!!!

Bom final de semana!!!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Momentos!



Oi pessoas!!! Saudades imensa de vocês, como foram de ano novo?

Eu tive uma passagem ótima e como já havia dito no post anterior, ao som da queima de fogos, eu orei, orei por nós, por vocês, pelos dependentes que conhecemos, tentei me lembrar de todas e todos, mas, sei que mesmo que eu não tenha lembrado, sei que o Universo, o Poder Superior estará conosco em mais um ano.

Eu estava lendo os outros blogues e abro um parêntese aqui para dizer que estou feliz em ver quantos novos blogues estão surgindo, quanta gente se ajudando, afinal, uma postagem minha pode ajudar vocês assim como as postagens de vocês, muito me ajudam. Estou feliz em ver que estamos criando uma imensa família virtual, uma família que se ama de verdade, incondicionalmente, não é mesmo?

Nessa minha passagem pelos blogues vizinhos, li várias postagens de alegrias de final de ano, claro, li algumas postagens tristes também, mas, esse post é para falar das postagens alegres, onde a felicidade reinou porque uma co recebeu a ligação do seu amado, outra foi visitar o seu na clínica, outra está feliz com a recuperação do  seu amor e por aí vai, e sabe o que há em comum em cada uma postagem dessas? A alegria nos pequenos momentos, a alegria em um telefonema, um abraço, um beijo... Damos muito mais valor à essas pequenas coisas depois que passamos pelo sofrimento da dor da saudade, é incrível como passamos a dar importância à coisas que uma pessoa "normal" não dá, tudo porque conhecemos a dor em sua forma mais cruel e com isso conhecemos a alegria verdadeira de saber, de ver, de estar ao lado de um dependente químico em recuperação.

É, a vida é feito de momentos não é mesmo?

Então, vamos deixar de esperar a próxima música tocar para ver se é melhor do que a que já está tocando, vamos curtir a atual, pois o momento de ser feliz é o agora, o já, vamos só por hoje vivermos a paz, a serenidade, o amor, a bondade, a alegria de acordar e saber que temos mais um dia de vitórias e conquistas pela frente. Vamos, vamos sim porque não temos escolhas, ficar parado não é uma escolha é desistência e quem ama ou amou um dependente químico sabe que essa palavra não existe para nós!!!

Uma linda semana para todos nós!!!

Amo vocês, porque vocês me fizeram ser uma pessoa melhor!

Encerro esse post com uma música que gosto muito...

"Outro tempo começou, pra mim agora..."




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