Até onde você iria para ajudar alguém que escolheu o caminho errado em busca da tal felicidade? Em um mundo sofrido, perigoso e doloroso, eu senti na pele a dor de ver alguém querido tomar a decisão errada. Eu carreguei a minha própria nuvem de chuva enquanto decidi caminhar ao lado dele. Eu adoeci sem saber, uma doença tão perigosa quanto à dependência química. Eu me tornei uma codependente. E essa é a minha jornada, uma jornada de lágrimas, promessas, sofrimentos e vitórias.
terça-feira, 12 de julho de 2011
O que esperar de uma clínica de recuperação!
A família, quando descobre que seu ente está usando drogas, passa por vários estágios até chegar ao ponto de ajudar o dependente. Primeiro vem a negação, depois a culpa e frustração, começam a procurar possíveis erros que justifiquem que seu ente querido entre para o mundo das drogas, depois, começam as brigas e as pressões, para que esse ente pare com as mesmas.
É quase sempre dessa forma que acontece, embora muito se fale que ao descobrir, não adianta os pais, esposa, namorada, buscar no passado alguma resposta para o problema, não adianta buscar culpados ou motivos.
A pessoa que decide usar drogas, faz por opção, muitas vezes essa opção está atrelada a algum fator externo, como companhias, curiosidade, problemas em casa e etc, mas, se começar a usar drogas é opcional, sair das mesmas não é tão simples assim.
A droga age diretamente no cortéx central, responsável pelo julgamento crítico, ou seja, pelo o que é certo ou errado e por isso, o dependente fica impossibilitado de reconher que está adoecido e consequentemente, ele não é capaz de pedir ajuda.
Os sintomas da abstinência (falta da substância no organismo) são os mais diversos, desde irritação, depressão, ansiedade e agressividade e para sanar todos esses sintomas, o dependente se vê obrigado a buscar alívio nas drogas novamente, não está mais em suas mãos a decisão de usar ou não, ele perde o direito e o senso de escolha.
E é nesse contexto que entra a família, no momento em que o dependente já está perdido em seu próprio vício, em que ele perdeu o seu poder de escolha, cabe a família buscar ajuda para poder ajudar o seu ente.
Em alguns casos, a intervenção é a única forma de ajudar e resguardar a vida do dependente.
Quando for conhecer uma clínica, a família precisa estar atenta à alguns pontos:
Para garantir a qualidade da clínica, a mesma deve contar com um apoio multi disciplinar, ou seja, precisa ter:
Médico Clínico Geral pelo menos duas vezes por semana -> Ele tem um papel importante na desintoxicação do adicto, assim como, enxergar a necessidade de um tratamento para alguma infecção que o dependente possa ter, ou auxiliar no processo de aumento de imunidade do dependente.
Médico Psiquiatra também pelo menos duas vezes por semana, que esteja registrado junto ao Conselho Regional de Medicina, como responsável técnico. -> Ele vai prevenir, atender, diagnosticar e estudar as doenças mentais de acordo com a necessidade de cada indivíduo.
Enfermeiros de plantão -> a clínica precisa contar com uma equipe de plantão vinte e quatro horas por dia, para garantir que cada indivíduo receberá os devidos cuidados.
Psicólogos -> É imperativo que haja um profissional da área ao dispor da clínica, ao dispor dos pacientes. É ele que vai ajudar o paciente e seus familiares a compreender a doença, seus mecanismos, ele vai trabalhar em cima do dependente, tentando ajudar o mesmo a encontrar um meio de encontrar a sua recuperação e também cabe a esse profissional, ajudar e dar apoio as famílias, uma vez que elas também estão adoecidas.
Terapeuta Ocupacional -> Ele vai auxiliar no processo de readaptar o dependente na sociedade.
Monitores -> São eles que normalmente mantêm um contato maior com o dependente, por isso, precisam ser capacitados para lidarem com os mesmos.
Além de tudo isso, é preciso conhecer qual é a proposta de reabilitação que a clínica oferece, quais os tipos de atividades e a proposta de recuperação.
E por último mas não menos importante, verificar se a clínica tem registro nos órgãos públicas, se está devidamente legalizada.
Feito essa triagem, as chances de obter sucesso com a internação são razoáveis, ficando a cargo do dependente fazer a sua parte.
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Postado por
GIULLIANA FISCHER FATIGATTI
às
08:00
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Marcadores:
Internação
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Giulli, muito importante esse post, porque tem gente que se aproveita do momento de desespero da família, apenas para ganhar dinheiro, infelizmente.
ResponderExcluirUm dia vou contar sobre a internação do meu esposo... Mais especificamente sobre a comunidade terapêutica, só resumindo, todos recaíram, inclusive os donos...
Beijos!
É Poly, infelizmente há muita enganação, clínicas são fechadas e meses depois reabrem com outro nome, em muitas clínicas, o dependente tem acesso as drogas justamente para não fugir e assim a clínica garante mais uma mensalidade e por aí vai, antes de internar um dependente, é preciso se certificar de todas as formas, acho que já virou uma máfia, que ganha em cima do sofrimento do próximo.
ResponderExcluirConte sim sobre a internação, acho que pode ajudar muita gente...
Beijos
Gosto do seu blogue e leio sempre que posso. Você é co-dependente, eu sou um ex-usuário.
ResponderExcluirVocê descreve uma realidade como ela é. Os confiltos, as crises, os desajustes e a insanidade que era de apenas um, toma conta de todos. Inicia-se um processo de "luta" entre o adicto e seus familiares. Ambos radicalizando.
Até o momento em que, ou o adicto cede e pede ajuda, como eu fiz, e busca uma internação em uma clínica honesta, o que me ocorreu, ou irá sofrer o que já não é mais permitido se fazer, salvo quando o viciado está irreconhecivel, oferecendo risco à sociedade, à família. Neste caso a família poderá interceder e, conforme manda a lei, proceder uma internação involuntária. No Brasil, contudo, até o ano de 2002, apenas 78 clínicas era reconhecidas como aptas a prestar serviços de qualidade. Hoje já não sei dizer mais quantas são, mas estão em inferioridade em relação as espeluncas criadas para lesar famílias em desespero. Vou encerrar este comentario aqui e redigir um outro complementando este.
Para se internar alguém, hoje em dia há que se observar alguns critérios que você já citou, em parte e vou ousar comprementar, com a devida vênia. Hoje a lei obedece ao princípio segundo o qual “a internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extracurriculares se mostrarem insuficientes” e “o tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio” . Ponto 2:“a internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta”. Então vejamos outros aspectos legais, além dos que você já enumerou e que a maiorias das clínicas não possuem. Então temos varias considerações a fazer e vou faze-las em outro comentário.
ResponderExcluirVamos aos considerandos: 01. a internação psiquiátrica é medida excepcional e que necessita de fundamentação médica (aqui começa o desrespeito); 02. os estabelecimentos que se disponham a prestar esse tipo de tratamento devem estar devidamente regularizados... ( a maioria não está dentro da lei). No desespero das famílias há um desespero exagerado de histeria. Note bem, não defendo a maconha, não utilizo, mas vi, com meus olhos, inúmeros jovens, tal qual NETO, personagem do Filme Bicho de 7 Cabeças, internados em clínicas que barbarizam, torturam, usam medicamentos sem prescrição médica. Vi jovens de pouca idade. Tinha um com 16 anos. Os demais eram jovens de 18 a 21 anos de idade, todos internados de forma involuntária por fumarem maconha. O uso da maconha é tratado - lato sensu - de outra maneira. Finalizo dizendo que foi bom ler seu post. Ele esclarece e ajuda, mas é preciso combater a ilegalidade, seja ela qual for. As famílias também se perdem como no caso das internações de jovens usuarios de maconha. Por mim, a maconha seria legalizada e só não é porque esxiste toda uma infra-estrutura corrupta que sobrevive da ilegalidade das drogas. Eu queria ler um post seu sobre religião, mas não tenho tido tempo. Ando cansado, lendo e escrevendo muito e tendo que sair com meus pais, ou andar com eles que necessitam esticar as pernas pois são octogenários. Perdão se fiz alguma colocação indevida. Esse assunto rende que você não pode nem imaginar!
ResponderExcluirOlá, em primeiro lugar, muito obrigada pela colaboração e pelos esclarecimentos, confesso que eu como muitos, não tinha noção realmente da parte "legal" que envolve as internações.
ResponderExcluirJustamente por isso, espero que você não se importe, vou fazer do seu comentário uma postagem, acho que as informações que você colocou aqui não devem ficar limitadas como um comentário em um único post, são na minha opinião de muita importância.
Agradeço a sua participação e espero contar com você aqui no blog mais vezes, tudo o que mais quero e que as pessoas, os leitores, aqueles que se interessam pelo assunto, ou que vivenciaram, se manifestem, eu deixo o meu blog aberto para isso, ele está a disposição de todos, afinal, eu não escrevo para mim e cada contribuição com o blog, implica em contribuição para os leitores...
Logo farei a postagem...
Obrigada e muita luz no seu caminho.
Não irei fazer propaganda de clínica excelente como a que me internei da primeira vez. Ninguém pensava em fugir e havia de tudo o que você imaginar, até mesmo pequenas chateações que eram solucionadas mediante o diálogo, coisa que não acontece com estas clínicas de absurdos. Pois bem, tive uma recaída e familiares meus resolveram me internar. Eu queria me internar. Me mostraram a propaganda de uma certa clínica no interior paulista, era uma maravilha. Acabei indo, de boa vontade e, sem saber, estava sendo enganado pelos filhos e esposa que radicalizaram comigo e o que era voluntário, virou involuntário. Quando percebi, era tarde demais. Mas eu era diferente da maioria dos internos. Vi coisas terríveis. Eu tive momentos de muita raiva dos meus familiares, mas rezava para eles. O dono e esposa diziam que eu era "perigoso". Eu esperava lutar pela minha liberdade no momento certo. Mas examinava a possibilidade de fugir a a outra opção, bem melhor, era a de fazer prosperar uma rebelião, com toda cautela. Para sair de lá foi terrível. Só meu pai estava do meu lado. O dono da Clínica disse na frente dele que me levaria de volta, por bem, ou por mal. Ai ele, que dizia que para vence-lo, teria que ser superior a ele 4 vezes mais, estava vencido. Xeque-mate. Hoje filhos e esposa se refugiaram. estão distantes. Racionalizam dizendo que sai porque não quero me tratar. Não dão sinais de vida. Sabem que ajuizei a clínica e, creio, eles imaginam que estão comprometidos. Não estão e não faria isso com ele, ainda que o grau de perversidade fosse elevado, mas eles são doentes e não se cuidam, não aceitam e não admitem. Essa clínica me causou muito mal. é terrível viver confinado, privado da liberdade e sem tratamento algum. Eu estava nas mãos de um louco com aparência de normal. os funcionários dele era internos que ele botava para executar trabalhos de profissionais e, no final, eram os ex-usuários de crack, cuidando de ex-usuarios de outras drogas. Como conceber e deixar esta aberração sem uma tentativa de punição. espero justiça!
ResponderExcluirNossa, é de fato revoltante, o pior é que normalmente, quando os familiares vão fazer a internação, eles são preparados pelos donos ou funcionários da clínica, que dizem que o dependente vai tentar manipulá-los, vai dizer que a clínica não é boa, que dão remédio, que sofrem maus tratos e que os familiares não devem acreditar nisso, que é tudo invenção para que os tire de lá, aí, quando é verdade de fato, que a clínica é uma farsa, fica difícil os familiares acreditarem, uma vez que já foram preparados para isso, para ouvirem isso e por ser um fato real o ato de manipular utilizados pelos dependentes devido a sua doença. Isso mesmo já aconteceu comigo, é uma situação em que não sabemos em quem acreditar e o que fazer.
ResponderExcluirClínicas como essa que você menciona, não merecem nem se quer que tenhamos a decência de mantê-las em sigilo sabia, é querer lucrar em cima do sofrimento dos outros, isso é revoltante.
Só pelo o que você me contou, espero justiça assim como você!