sexta-feira, 22 de julho de 2011

Olhando pelo retrovisor!


A codependência é mesmo algo que nos marca para o resto de nossas vidas, nos deixa marcas que talvez jamais se cicatrizarão por completo, basta alguém, uma situação ou algo tocar a ferida e ela reabre novamente.

A verdade é que o codependente tem uma certa tendência, uma pré-disposição para o sofrimento, para a angústia, para a dor, não porque ele é masoquista e gosta de sofrer, também não é assim, mas, muitas vezes , ele é carente, ou está carente e essa carência faz com que ele sinta a necessidade de ser especial e essencial para a vida de alguém e é dessa forma que acontece, é quando ele começa a se sentir necessário na vida de alguém que a codependência se manifesta (é claro, naqueles que têm essa pré-disposição).

No meu caso, eu confesso que ainda não sei qual foi o verdadeiro gatilho que fez com que a minha codependência se instalasse na minha vida, eu nunca me considerei uma pessoa carente, não ao ponto de usar isso como justificativa para a auto-anulação, meus pais são separados, desde que eu nasci, mas, acredito eu que isso nunca me afetou ao ponto de me incentivar a ser uma codependente. Eu tento, às vezes, voltar ao passado e buscar respostas para a minha doença, porque muito do que leio sobre os motivos da codependência não parece se encaixar comigo, não parece fazer sentido algum para a minha realidade, porém, recentemente algo me despertou para algo que eu não havia percebido.

Eu sempre, desde pequena fui e sou meia altruísta (vejam, é bem diferente de codependente), e talvez seja aí o gatilho, o altruísmo é bom de fato quando não perdemos o limite e acho que foi bem aí, nesse ponto em que eu perdi o limite.

Eu tinha que ajudar o meu ex-namorado, não porque ele era meu namorado, mas sim, porque eu o via em primeiro lugar como um ser humano, porque eu o conhecia antes das drogas e sabia que ele era uma pessoa boa, de alma boa até aí, acho que era o meu sentimento de altruísmo que estava no comando, porém, daí em diante quando as coisas começaram a se complicar e eu não consegui parar, já era a codependência instalada, e então, o altruísmo mudou de nome.

Recentemente, me peguei em uma situação semelhante, em uma situação como se eu estivesse olhando pelo retrovisor do carro, olhando para trás, e prestes a me perder novamente em meio aos meus sentimentos confusos de altruísmo e codependência.

Isso foi porque ao conhecer o blog do Matheus, um usuário de crack, blog esse que já falei aqui nas duas últimas semanas, eu me vi tocando na minha própria ferida, me vi de frente com meus fantasmas e fui obrigada e encará-los de frente, eu tive que querendo ou não, me forçar a entender se o que mexia comigo toda vez que eu lia o blog dele era somente o meu sentimento de altruísmo ou se era uma manifestação da minha codependência.

Eu já havia deixado claro nas minhas postagens o quanto esse blog mexia comigo, ás vezes que chorei lendo ele e tudo mais, e foi justamente por isso que me vi obrigada a entender o que estava acontecendo.

Já tem uns seis dias que ele, o Matheus, não escreve e no começo, eu imaginei várias coisas do tipo, caramba, ele é só um jovem de 22 anos, sem ninguém, que mora nas ruas de uma cidade fria, que teve uma infância difícil, que apanhou e se viciou desde pequeno nas drogas, ele precisa que o ajudem e com esse pensamento, me veio a angústia por não saber como ajudá-lo, eu não sei ao certo o bairro de Porto Alegre em que ele está, não sei o nome do Centro Espírita que está tentando ajudá-lo, não sei o nome da Lan House do Dani, o rapaz que o ajuda e eu nem sei se tudo o que li naquele blog é real!

Entendem? Eu me vi nessa situação, me fazendo essas perguntas e me torturando e então eu tive que perguntar a mim mesma se isso era a minha codependência, mesmo que fosse por alguém que eu não conheço, somente por ser uma história parecida com a que conheço já seria o suficiente para desencadear em mim a codependência novamente ou se era somente o mais puro dos sentimentos humanos, o altruísmo.

Felizmente, descobri conversando comigo mesma que não, não é a minha codependência, porque Hoje eu sei que eu nada posso fazer para ajudá-lo, Hoje eu decidi ser SERENA e fazer o que posso fazer para ajudar o próximo, mas, jamais me anular em nome do próximo.

Hoje, eu sei que seu não estiver bem, eu não poderei ajudar mais ninguém, por isso, eu sei que quero muito, verdadeiramente que esse rapaz encontre o caminho dele e que eu farei tudo o que puder para ajudá-lo, mas, o que me alegra é saber que eu estou totalmente consciente nessa joranda, estou totalmente preparada para entrar em qualquer outra jornada, porque Hoje eu sei o que é ser codependente e sei o que tenho que fazer só por hoje para não ser uma!

Foi preciso eu olhar para trás, pelo retrovisor para entender o que acontecia aqui, no presente.

Eu descobri que posso recorrer a mim mesma, toda vez em que eu estiver confusa, basta eu olhar para o meu retrovisor e em seguida, olhar para frente!

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2 comentários:

  1. Querida Giulli, por vezes nos envolvemos demais, e colocamos sobre nossos ombros uma causa que não deveria estar ali.
    Bondade é uma virtude, mas, tudo deve ter limite, não é mesmo?
    Jesus foi o maior exemplo que tivemos de todas as virtudes: generosidade, bondade, compaixão, entretanto, Ele curava apenas aqueles que o buscavam, o seguiam, ou seja, que faziam a sua parte.
    Que bom que você pode olhar pelo retrovisor, e perceber os equívocos do passado, para não cometê-los novamente, e não sofrer em demasia.
    Um grande beijo!
    Bom sábado!

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  2. É isso mesmo Poly, as vezes queremos carregar o mundo em nossas costas, e é verdade, temos que deixar que o outro faça a sua parte.
    Hoje eu consigo me manter firme diante dessas situações, hoje sei diferenciar a bondade, a caridade, o amor pelo próximo com a codependência e de fato no começo, quando comecei a ler o blog do Matheus, eu me perguntei se eu estava pronta para seguir em frente e estou feliz por estar!
    Um grande beijo pra vc tb!!!!
    Lindo sábado para vcs!

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