...Ele tinha algo no olhar que eu não conseguia decifrar, era angelical e ao mesmo tempo triste, era intimidador e ao mesmo tempo convidativo, eles brilhavam sob a luz intensa da danceteria.
Pele branca como a neve, olhos vibrantes, mas tristes, buscando algo o tempo todo, escondendo algo, se escondendo. Eu o achei, ele me achou.
...Senti borboletas em meu estômago, perdi a fala e as palavras pareciam que haviam sumido de minha mente e eu correndo desesperadamente atrás delas, pedindo para que não me abandonassem naquele momento, pois eu não sabia o que dizer, ele percebeu de imediato a minha ridícula situação e fez com que tudo parecesse normal. Eu estava desacostumada a tudo aquilo. ( Trechos tirado do livro Valeu a Pena0
Foi assim o nosso primeiro encontro, não muito diferente do que de muitos casais, mas foi para mim algo especial, porém, infelizmente não foi somente essa imagem dele que ficou em minha mente.
Era um rapaz bonito, vaidoso, sempre exigente em relação a sua aparência, não se apegava a usar roupas de marca, mas, estava sempre bem vestido, com cabelos penteados, ele demorava para se arrumar acho que muito mais do que eu, o seu cabelo era um trabalho a parte.
É difícil de acreditar que a droga tira até isso da pessoa não é mesmo? Por muito tempo me perguntei como que ele chegou em tal ponto, o de não se importar mais com a sua própria aparência.
Após vários acontecimentos, ele veio morar na minha casa e após passar um tempo bem e controlado, ele teve uma forte crise de abstinência que o fez fugir sorrateiramente no começo da noite para matar a sua vontade. Ele simplesmente se aproveitou do momento em que me descuidei e quando fui ver, encontrei apenas seus chinelos em meu quarto.
Após horas de agonia, imaginando aonde ele poderia estar, se estaria bem, se estaria correndo perigo, após horas trancada em meu quarto, no meio da madrugada ele ligou e eu em minha codependência desenfreada, sem saber o que era certo ou errado, pedi que ele voltasse logo para casa, a grande verdade é que quando isso acontece, agente fica tão aliviada em ouvir a voz da pessoa, fica tão feliz e agradecida por saber que está bem que nem nos damos conta que atitudes como essa, só contribuem para a dependência deles.
E foi assim, minutos depois de receber sua ligação, sob a luz do luar, em um silêncio profundo da madrugada, eu o vi do portão da minha casa, subindo a rua com seus pés descalços, pisando no asfalto sujo e empoeirado, com machucados e bolhas nos pés. Ele parou na minha frente e nada nele era o rapaz que eu havia conhecido, a sua vaidade já havia virado fumaça junto com droga e seu amor próprio já não existia mais...
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Nossa me lembrei do meu amor, ele também é bem vaidoso, e quarta qndo vi ele todo sujo, blusa rasgada, e com aquele corte no pé...como a gente sofre vendo eles assim né! Eu prometi pra mim que não vou mais ver ele, pq cada vez que eu entro no ap dele e vejo aquele ap. sujo, vazio cada vez ta de um modo diferente, isso me machuca, doi muuito...Agora vou esperar ele procurar se recuperar...Só vou esperar, pq no momento tudo que eue falo, ele escuta hj e amanhã já está usando de novo...
ResponderExcluirE entre uma irmã e outra dependentes químicas, havia uma por demais vaidosa, advogada,independente,saltos altos junto com as jóias e o cabelo sempre arrumado.As roupas dava-nos gosto de vê-la dentro delas.Um vida promissora,cheia de futuro e perspectivas.Até que um dia,nestas curvas da vida,a bebida passou a ser sua essência.E como no texto acima, a vi de pés descalços,unhas mal feitas,cabelos amarrados com desleixo.E assim permaneceu por longos e duradouros anos.E um dia,não sei se pelo cansaço,ou pela falta de luta,ela se foi:de unhas feitas,casaco combinando com a calça,cachecol para disfarçar um pouco a magreza, um leve batom nos lábios,e parecia sorrir.Foi assim que eu a arrumei:da mesma forma que a vi várias vezes.Quem sabe agora, ela ande descalça entre as nuvens.......
ResponderExcluirBeijos Gil....Feliz fim de semana.
cara companheira,não sei se entendi bem mas seu companheiro,vive na ativa???
ResponderExcluirJé, imagino bem a dor que sentiu ao vê-lo como viu... algo que nos queima a alma e arde aos olhos... Que ele encontre o caminho dele... Beijos e muita luz em seu caminho. SPH!
ResponderExcluirSandra, lágrimas escorreram de meus olhos agora, estou sem palavras, obrigada por compartilhar isso. E sim, quem sabe agora ela ande descalça entre as nuvens. A verdade é que para nós que temos algum tipo de relação com um dependente químico, sabemos que o que vemos por fora não é nem de longe a essência daquela pessoa que conhecemos e amamos, sabemos que a camuflagem se dá por conta do seu vício, sabemos que por dentro, continuam a serem tão belos quanto antes... Lindo FDS pra ti também! Beijos
ResponderExcluirJaque... Não, hj sou casada, há mais de 7 anos com o amor da minha vida, porém, jamais me esquecerei de que passou pela a minha vida, há cerca de 8 anos atrás, um jovem com olhar angelical que se perdeu em sua jornada. Foram dois anos de namoro, eu me tornei a típica codependente e hoje, estou fazendo a minha parte, compartilhando o que aprendi, o que vivi e o livro é o fruto dessa história que muito me Valeu a Pena...
ResponderExcluirEntendi, é, realmente essas histórias marcam nossas vidas, eu sei bem, além de continuar vivendo mais uma historia, guardo várias marcas do passado, e admiro muito vc compartilhar uma experiencia que viveu, mas que nao vive mais, muito legal...
ResponderExcluirÉ assim mesmo. Eu me perdia por dentro. Agora essa codependência parece que tem muito mais a ver com o amor do que com a droga. O amor também vicia e faz a gente cometer loucuras. O que é que a gente não faz por amor? Parece que existem duas codependencias em uma só. Aquela que é mais forte prepondera sobre a outra. Parece que os grupos de auto ajuda buscam extrair o substrato do amor e o lado louco causado pelas drogas. Talvez por isso ainda exista preconceito com nar-anon. Essas coisas não são bem explicadas de modo pedagógico. Deixar o adicto se lenhar é apostar no pior e tem muita gente que vai mesmo pra cova e ai eu me pergunto: se acontecesse com você uma situação em que o adicto pede para voltar e isso é negado e daí o cara morre, como ficaria a consciência de quem negou ajuda. Esse não seria um caso clássico do NEGAR SOCORRO? Poderia configurar um crime se alguém resolvesse denunciar ? Codependencia é coisa de mulher ?
ResponderExcluirJaque, eu levei algum tempo para aceitar tudo o que aconteceu em minha vida e escrever o livro e manter esse blog tem me ajudado bastante, foi a melhor coisa que eu fiz por mim...
ResponderExcluirAnônimo, vc levantou excelentes questões, agente fala muito em codependência relacionada ao dependente químico, mas, não é uma particularidade nossa, a codependência se manifesta com qualquer casal, mãe e filho e por aí vai, mesmo que não tenha "drogas" no meio, é um distúrbio que acomete na grande maioria mulheres, mas, existe sim muitos e muitos homens codependentes.
ResponderExcluirvc escreve muito bem Giu...
ResponderExcluirA gente lê e sente como se tivesse acontecido com a gente
Cicie, obrigada, na verdade eu gosto mesmo de escrever, escrevo desde os 13 anos, só não sabia que eu teria uma história real para escrever né...rs Mas, nada é em vão, escrever o livro me rendeu bons frutos, já estou trabalhando em outro (mas nada sobre drogas..rs) EU amo ficar aqui no blog e no blog de vcs... rs
ResponderExcluirBeijo grande!