domingo, 31 de julho de 2011

Descobrindo a codependência em mim!

Dando sequência aos dois últimos post, onde abordei o tema codependência, necessidade de ser forte, autoestima, entre outros, nesse vou falar do meu segundo relacionamento após o meu ex dependente químico.

Como puderam constatar no post anterior, eu contei para vocês sobre o meu primeiro relacionamento com um rapaz após decidir seguir em frente com a minha vida, ou seja, sem o meu ex, dependente químico, e nele, vocês leram sobre a minha sábia filosofia e como ela me conduziu exatamente para aquilo o que eu mais temia: a frustração.

Depois dessa experiência, eu que já estava "marcada" pela a minha codependência, me tornei mais fechada ainda e deixei que as sequelas dela aflorassem com força total.

Como já citei, eu caí em uma fossa, me afundando em minhas próprias lágrimas e o pior, eu não sabia se estava triste por ter perdido o meu mais novo namorado, fato que eu mesma cometi vários erros devido a minha codependência que inevitavelmente me levaram à esse fim, ou se eu estava triste por que eu havia sido trocada mais uma vez.

Pois é, percebam que eu ainda não tinha aprendido a lição, ainda estava com o sentimento de troca dentro de mim, primeiro pelas drogas pelo meu namorado de dois anos e depois por outra garota pelo meu mais novo ex-namorado. Eu estava vivenciando uma espécie de "Modus Operandi", onde os fatos se repetiam, seguindo os mesmos padrões de pensamentos.

Eu trabalhava em uma agência de emprego quando isso aconteceu e uma das pessoas que me consolou e me forçou a sair da fossa (afinal, a minha fossa era na verdade todo o choro reprimido desde quando eu havia perdido a habilidade de chorar diante o sofrimento da jornada com meu ex dependente químico) foi quem hoje é o meu marido. Na época, trabalhávamos juntos e ele tentou de várias formas me fazer sair do buraco que eu mesma havia cavado.

Com o tempo, a nossa amizade foi crescendo até que alguns meses depois da minha última frustração, começamos a namorar, eu havia encontrado alguém que me trazia conforto, alguém que brigava comigo quando eu pronunciava a palavra trocada, alguém que me dava atenção e me paparicava.

Eu sempre tive muito mais amigos homens do que mulheres, desde pequena, mas, quando digo aqui amigos, eu falo de amizades verdadeiras, sem segundas intenções e eu sempre fui muito paparicada por todos meus amigos, sempre tive atenção e carinho de todos, por isso, quando iniciei a minha jornada com meu ex e fatalmente me afastei um pouco de todos, eu dei início sem saber à um sentimento que eu não conhecia até então, a carência e esse sentimento aumentou quando me senti "trocada" mais uma vez, por isso, quando comecei  namorar meu marido, eu estava ainda devastada, eu era um vaso quebrado que havia sido colado novamente.

O que parecia ser a solução dos meus problemas, se tornou com o tempo algo que me fez perceber o quão adoecida de fato eu ainda estava.

O meu marido fuma, quando eu o conheci, ele já fumava, porém, após algum tempo de namoro, eu queria fazê-lo parar de fumar, e o pior, eu queria que ele parasse de fumar por mim!

É isso mesmo, por mim, ou seja, eu estava repetindo o mesmo erro, eu não havia conseguido fazer o meu ex parar de usar drogas por mim e transferi essa necessidade para o meu marido.

Nós, codependentes sabemos o quanto podemos ser manipuladoras, chatas, e até mesmo birrentas, quando queremos algo, afinal, aprendemos a fazer isso em nossos relacionamentos com o dependente, que são mestres em manipulações. Era exatamente o que eu fazia, eu tentava de todas as formas fazê-lo perceber que o fato dele fumar me incomodava e eu me frustrava por ele não parar.

Sabem o que é pior? Não era o cigarro em si, não era uma questão de ética, do tipo não suporto cigarros ou uma questão de saúde do tipo a fumaça ou o cheiro do cigarro me faz mal, era uma questão pura e simplesmente pessoal, eu apenas queria que ele parasse por mim e mais nada!

Fazem mais de sete anos que estamos juntos e ele continua fumando, hoje, quando lembro disso, penso "Meu Deus, como eu gastei tempo e energia com isso!" e de fato gastei mesmo e também desgastei o meu marido, que teve uma paciência de jó para aguentar as minhas insanidades...

Foi com ele que pude perceber o quão doente eu ainda era, ele é muito centrado, correto e não cedia às minhas manipulações (coisa que nós codependentes sempre acabamos fazendo com os nossos dependentes) e foi assim que pude encontrar a minha recuperação.

**************************************************************

12 comentários:

  1. Meus Deus.. Giulli antes do meu amor ser internado eu era assim... era uma mimada, tudo tinha que ser do meu jeito por que eu queria e pronto... eu era pior!
    Mais sinceramente venho crescendo bastante por causa de todos os blogs que leio, o seu, o da poly e gaby. Vocês estão me ajudando bastante, tudo que leio no seu blog e outros me faz refletir muuuuito principalmente o seu e o da poly!
    Será muito complcado para mim mais vou tentar mudar quando ele chegar da clínica, pois acredito que ele vai mudar também com esse tratamento não é?
    bjuuss.

    ResponderExcluir
  2. P, com toda certeza, ele vai voltar mudado e você precisa estar preparada para essa mudança.
    Quando agente se torna codependente, agente faz tudo pelo o outro, mas se engana quem acha que esse fazer tudo, não exige nada em troca, porque exige sim, de certa forma, agente espera uma recompensa por isso, que é o dependentes parar de usar drogas, por nós, entende? Não é so uma questão de ser mimada, a codependência nos deixa carentes e consequentementes nos tornamos manipuladoras, a pessoa quando é mimada, normalmente é se torna egoísta, o codependente não é uma pessoa egoísta, não quer que o dependente largue as drogas por capricho, mas por necessidade emocional...
    Que bom que você acha valido o que postamos, a intenção é essa, trocarmos informações, cada uma de nós, inclusive você, podemos contribuir com quem tb vive esse drama, que é escrevendo, obrigada por participar sempre!
    Beijos P e saiba que você está no caminho certo, se preparando para lidar com a dependência do seu amor sem se tornar uma codependente!

    ResponderExcluir
  3. Olha amiga a codependencia nos faz cometer cada coisa viu? Eu também era mestra em manipulações... Para conseguir o que eu queria fazia de tudo. Para prender a atenção do amor, para fazer com que ele fizesse o que eu queria, para impedir que ele saísse, quantas ameaças, quanto egoísmo, eu tinha que provar pra mim mesma que era maior que a droga, mero engano, eu nunca vou ser maior que a droga, e nem quero! Ela lá e eu cá! Meu Deus coitado! Quantas barbaridades já fiz... Me envergonho hoje em dia, e vejo o quanto me rebaixei, me colocando em igualdade com um lixo que é a droga...
    Mas graças ao bom Deus, tudo está sendo diferente, e cada dia, um dia após o outro, vai ficando cada vez melhor!
    Só por hoje!
    Beijinhos Giu ;*

    ResponderExcluir
  4. Oi Giu... "nossa quanto tempo e energia em gastei..."
    Por que temos que ser tão iguais MELLLLLDEUSSS!!!! kkkkkkkk
    Quantas vezes eu já me peguei pensando ou falando a frase a cima, as vezes que o pior não é o tempo que se perde mas sim a energia, corremos atrás do nosso proprio rabo exaustivamente, desmaiadas de cansaço muitas vezes não vemos motivo algum para isso, mas as vezes o desejo de continuar nessa "captura impossivel" é tãããoooo grande.... rsrsrsrs...
    Escolhas... "Só por hoje podemos escolher não é mesmo?" kkkkk
    Beijos Anjo!
    Cicie

    ResponderExcluir
  5. Gaby, eu também fiz muita coisa no intuito de fazê-lo largar as drogas, eu achava que era possível competir com ela, mas sabemos que não...
    Eu levo como aprendizado, já que não posso mudar o passado, por isso, acho importante que os familiares dos dependentes tenham acompanhamento também, para que não cometam insanidades como eu...rs
    Beijos Gaby, só por hoje, vamos pensar em nós, vamos aceitar as coisas como elas são, sem querer modificá-las.

    ResponderExcluir
  6. Cicie, é incrível né, acho que os codependentes são uma espécie clonada..rs como fazemos coisas parecidas durante a adicção de que gostamos né? Assim como os dependentes se tornam parecidos em seus atos, nós também, e o pior, nós estamos limpos e sóbrios..rs
    Mas, o importante é que hoje somos conscientes disso, há por aí, ainda muitos codependentes sem informação, sem acompanhamento e isso prejudica muito a recuperação do dependente...
    Beijos e um lindo dia para você!

    ResponderExcluir
  7. Adoro histórias de amor com um final feliz! Que bom que tudo deu certo pra você Giulli Angel! Eu não sou diferente de você, nem das meninas que deixaram seus comentários acima... Por isso, hoje, antes de agir, tento identificar o porquê do que quero fazer (telefonema, pedidos, palavras, etc.), se for para manipular ou para alimentar a minha co-dependência, simplesmente não faço, ou não falo, fico quieta, até passar a vontade... É melhor assim.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  8. É sim Poly, pelo menos essa história tem um final feliz...rs
    Pois é, você e as meninas que comentaram aqui, são plenamente conscientes a respeito da codependência e isso faz com que pensem antes de agir, mas, fico pensando, e as pessoas que não têm esse conhecimento? Meu Deus, estão só piorando a situação de seus depedentes, por isso, acho que falarmos sobre a codependência, mostrarmos nossos erros e nossas fraquezas pode ajudar alguém que ainda desconheça essa terrível doença.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  9. Expor suas verdades é uma virtude. Leio o seu e o de outras amigas suas para entender sobre co-dependência. Viajo nas coisas que vocês escrevem. Muitas vezes penso em co-dependência sentimental. Invertendo os papéis. Você seria a adicta, seu esposo seu co-dependente. Entretanto, apesar de usar a droga, como se fosse uma substituição, ela é muito mais uma maneira de você irradiar sua auto-agressividade para a pessoa que gostaria de agredir e não pode. Essa agressividade você transfere para si mesma. O objeto, ou a pessoa que desejaria agredir, com o comportamento auto-destrutivo drogadicto,é indeterminada. Usar a droga pode não ser uma troca. Imagine que em sua relação existe o amor, mas algo maior interferiu, atrapalho, desviu seu rumo e alterou a relação sentimental...não foi o ser amado quem causou o mal em si, mas o ser amado julga que foi e não se sente amado e a luta, na verdade, volta-se contra o ser amado, não contra a droga. A droga é abstrata, o ser amado é concreto. Você ama, mas "algo" lhe tirou o prumo, lhe desarrumou e tudo mais se desarrumou. Então no caso do adicto ter amor pelo respectivo co-dependente, embora a drogadição impeça esse amor transparecer, embora drogando-se o ser amado também é uma obsessão, você sente culpa, remorso etc... nesse caso o adicto não seria um co-dependente, emocional que nesse confronto de eros contra tanatos, complica ainda mais uma relação sentimental. Seria possivel haver tal codependencia dentro do adicto? Na relação adicto versus co-dependente, falo na contra posição, eros e tanatos atua de que maneira, ou tanatos domina e governa, tanto o adicto, quanto o co-dependente, como uma especie de poder maior destrutivo. Dai a relação de amor, muda. O ódio que era coadjuvante torna-se protagonista e a relação se deteriora... Porra, tô complicando! faz o seguinte, se o adicto não enxerga na droga uma substituição, nem troca, porque ama seu co-dependente, não seria o adicto um duplo sofredor, duplamente doente? dependente do amor e dependente químico ao mesmo tempo. Existindo no adicto um amor muito louco, como amor de codependente, você acha possível que o adicto merece um tratamento dobrado? sei lá, esqueça...co-dependência é algo muito complicado.

    ResponderExcluir
  10. Anônimo, foi inevitável não rir no momento onde você escreve porra, to complicando tudo, porque de fato, estava mesmo, falar de Eros e Tanatos não é uma tarefa simples, visto que é um tema por assim dizer da mitologia usado até mesmo por Freud e Lacan, aí, quando achei que íamos seguir uma linha de raciocínio um pouco mais fácil, me vem você novamente e me atordoa...rs
    Brincadeiras a parte, sabe, vai soar um pouco cruel e frio o que vou dizer, mas, acredite, para mim adimitir tal coisa não é fácil, eu namorei um depedente químico, conheço a história através da minha íris, porém é uma verdade, o adicto, durante a sua adicção não é capaz de amar nem a si mesmo, quem dirá o seu codependente, falo de experiência própria e quisera eu que fosse engano meu, mas não é, o adicto na ativa perde momentaneamente tal capacidade, a de amar, no sentido sublime da palavra, ele muda seus conceitos do que é amor, amor nesse contexto quase vira prazer, ou seja, ela, a droga que lhe dá prazer e alívio e não é porque ele se tornou frio, mas porque ele perdeu amor nele mesmo, ele adoeceu.
    E quanto ao codependente? Está no mesmo caminho, ele não se entrega ao ponto de se anular por amar demais o seu dependente, ele se entrega também por não se amar, mas, nesse caso, ele encontra a saída na doença do seu dependente (não generalizando, é claro), ele assume para a sua vida a responsabilidade da vida do outro e sendo assim, ele passa a dar sentido para si mesmo.
    Não é uma relação falsa, pode parecer que no final das contas, tudo então é uma questão pessoal, eu codependente, amo você dependente porque você dá sentido à minha existência e você dependente me ama porque eu estou na "luta" com você, não é isso, é claro que há sentimentos verdadeiros dentro disso tudo, sentimentos que existiam antes de haver a dependência e codependência no relacionamento, mas...
    É de fato, codependência é algo muito complicado...rs e como é, não sei se sou a pessoa mais gabaritada para falar sobre isso, grande parte das postagens que faço, são baseadas na minha experiência e é claro pode mudar um pouco de caso apra caso, dependente para dependente e codependente para codependente.
    Obrigada por participar e por me levar a mais essa reflexão(vc quase me enlouqueceu, rs)
    Fique a vontade para comentar sempre, gosto de tais reflexões e complexidades.

    ResponderExcluir
  11. Obrigada elas palavras giulli!!!
    bjuss.

    ResponderExcluir
  12. ainda sou uma codependente! e isso ta me mantando por dentro! a verdadeira Gi precisa sair e nao ta conseguindo!!! vou começar a frequentar o Amor Exigente... estou sentindo um turbilhão de emoçoes, angustia e sofrimento. uma depressão total dentro de mim!
    meu esposo ta internado a duas semanas. ja é a segunda internação desde que estamos juntos. da primeira vez foi seis meses e dessa vez vai ser um ano!!! UM ANO GENTE SEM VER MEU GRANDE AMOR!!!
    precisos de palavras que me ajudem gente, por favor !! estou em plena depressão!! sem mais.... nao consigo escrever !
    abraços

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...