quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vergonha


Eu negava para mim mesma, mas, a verdade é que ela estava lá, por mais que eu tentasse fingir que não, por mais que eu me esforçasse em me manter centrada em meus propósitos, meus princípios e meus ideais, meus atos me condenavam. Eu escondi de muitos a dependência do meu namorado, eu tinha vergonha sim, vergonha de assumir que eu namorava um dependente químico!

O relato acima é o relato de uma codependente em recuperação, é o meu relato.

Fui tola ao me envergonhar de algo que não é motivo algum para sentir tal sentimento, por culpa dela, a vergonha, o meu sofrimento se tornou maior, ela fez com que eu evitasse a situação, fez com que eu me fechasse em meu mundo e sofresse por um bom tempo sozinha, eu aceitei a dependência do meu namorado, mas, tive medo de que as outras pessoas não aceitassem.

Hoje eu me pergunto, afinal, por que eu sentia vergonha?

A resposta é clara, falta de conhecimento, falta de entendimento.

Hoje, eu falo para as pessoas que não há motivos para ter vergonha em dizer que tem algum dependente ou adicto na família, hoje, eu sei que a dependência é uma DOENÇA, sendo assim, da mesma forma que eu não tenho vergonha em dizer que na minha família já teve casos de câncer (uma doença, certo?) , eu não tenho mais em dizer que namorei um dependente químico.

Quando eu decidi ajudá-lo, eu abracei a causa com toda a minha alma, ao ponto de me anular em nome dele (codependência), mas, ainda sim, era um assunto reservado somente aos mais íntimos, era como se eu tivesse medo de que alguém fosse nos julgar, no sentido de querer saber por exemplo quais os motivos que o levaram para as drogas,  ou que comentassem coisas do tipo " se está usando drogas é porque tem algum problema". 

Pois é, pode parecer ridículo, mas, infelizmente, a ignorância, a falta de conhecimento e o preconceito (conceito antecipado) nos levam a cometer tais atos, mesmo sem percebermos.

Eu, na condição de namorada, jamais o julguei, mas, tive medo de que outros o fizessem, mas, seu eu tivesse na época, o entendimento que tenho hoje, eu jamais esconderia isso, eu teria a resposta na ponta da língua  para qualquer um que ousasse fazer algum comentário maldoso a respeito. 

DEPENDÊNCIA QUÍMICA É UMA DOENÇA! 

Até quando ainda vamos aceitar que um dependente seja julgado aos olhos de quem vê de fora, como se ele fosse um criminoso, um marginal?

Dependência química não tem nada a ver com ser estúpido, mau caráter, vagabundo, sem vergonha e outros estereótipos que a própria sociedade criou. Dependência química tem a ver com sofrimento, dor, angústia, luta, provações e necessidade de ajuda.

Se você tem um dependente químico dentro de casa, ou na família, aceite! Não se envergonhe, quanto antes todos os envolvidos aceitarem e buscarem ajuda, mas chances essa pessoa terá.

Acredite, nós temos a opção de SER ou de ESTAR, o dependente não nasceu dependente, portanto ele está dependente, mesmo que seja para sempre um dependente em recuperação, ele está e não é!

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2 comentários:

  1. Giulli, minha querida!

    Realmente aconteceu comigo essa situação eu também sentia muita vergonha, medo de ele ser discriminado, mais foi também quando souberam, depois que fiquei sabendo que e uma doença, concordo com você que eles tem duas opções de ser ou estar, muito obrigado por esclarecer essas situações para pessoas que ainda não tem esse conhecimento.

    Força, fé e alegria sempre, mil bjs

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  2. Pois é Tininha, acho que a grande maioria passa por esse estágio, o da vergonha, á até um processo normal da situação, porém, pderia ser evitada, não há motivos para nos envergonhar, é um sofrimento a menos diante da jornada, que é longa...
    Boa sexta pra você!
    Um grande beijo, muita luz em nossos caminhos!

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