...E se eu desmoronar
Se não pudesse mais aguentar
O que você faria?
...E se eu quisesse lutar
Pelo resto da vida implorar
O que você faria?
(The Kill - Pitty)
DESMORONAR, NÃO AGUENTAR MAIS, LUTAR, IMPLORAR, são palavras que exemplificam bem o cotidiano de um/uma codependente.
Lembro-me das lutas internas que eu travei comigo mesmo, toda vez que algo acontecia, toda vez que "Ele" recaía, parte de mim queria desistir, queria colocar um ponto final naquilo tudo e outra parte dizia que eu não podia fazer aquilo, dizia que eu tinha que permanecer alí e lutar, lutar por ele, ao lado dele e às vezes até mesmo contra ele.
"Ele", havia fugido da clínica mais uma vez, e desse vez, quando ele me procurou, eu não o recebi da forma como eu estava acostumada a receber, eu estava frustrada, desapontada, com raiva por ele ter fugido....Nos olhamos e eu quase gemi de dor ao vê-lo me fitar com os olhos tristes, antes mesmo que ele começasse a falar, as lágrimas já estavam escorregando dos meus olhos, cheguei mais perto, mas eu não consegui fazer mais nada além disso, eu não tive outra reação, não o abracei, não o beijei, e ele também não se moveu, eu vi o desespero em seu olhar e imaginei o que ele pudesse estar vendo em meus olhos, se ele estaria vendo a raiva que eu estava sentindo naquele momento, pois era o que eu realmente estava sentindo, ele estava estragando tudo, ele havia estragado tudo quando decidiu fugir mais uma vez, era mais do que eu podia suportar, eu havia descido até o inferno por ele e ele não era capaz de reconhecer isso e se manter longe de encrencas.
- Então é isso? - perguntou ele com a voz trêmula. - Você desistiu de mim?
Senti o peso do monte Everest cair sobre a minha cabeça. Desistir? O que eu estava fazendo então era desistir? Eu simplesmente não tinha mais forças, só isso!
- Eu não desisti de nada. - respondi asperamente. - Eu te disse que enquanto você lutasse eu estaria ao seu lado, quem desistiu foi você. (pág. 100/101)
Senti o peso do monte Everest cair sobre a minha cabeça. Desistir? O que eu estava fazendo então era desistir? Eu simplesmente não tinha mais forças, só isso!
- Eu não desisti de nada. - respondi asperamente. - Eu te disse que enquanto você lutasse eu estaria ao seu lado, quem desistiu foi você. (pág. 100/101)
Eu tenho recebido e-mails de codependentes que me confessam que muitas vezes sentem vontade de desisitir, de jogar tudo para o alto, de abandonar "os seus dependentes", porque não aguentam mais, porque estão se sentindo sozinhos, sem valor, sem amor.
É normal sentir tudo isso, todo codependente passa por esse turbilhão de emoções, o que é preocupante é que a maioria dos codependentes, assim como eu, sentem culpa ao pensar na hipótese de desistir, de seguir em frente sem a outra pessoa, essa é a característica mais marcante no codependente, é o que o torna de fato um codependente.
Eu desejei ter forças para continuar mas, eu já estava vivendo em um estado de torpor, onde eu não pensava nem em desistir e nem em lutar, eu estava esperando o fim chegar, somente isso.
Até para desistir é preciso ter coragem. E desistir dele, foi o ato mais corajoso que tive nessa jornada, foi o ato mais dolorido e crucial de todos.
Eu desisti, não porque eu não tinha mais coragem para lutar, eu desisti porque eu não tinha mais condições de sofrer.
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