terça-feira, 14 de junho de 2011

A dor da descoberta


...Foi horrível ouvir da boca dele a confirmação daquilo o que eu mais
temia, um punhal foi cravado em meu peito naquele momento,
jorrando sangue para todos os lados. Meu estômago embrulhou, senti
uma forte vontade de vomitar, me senti enfraquecida, desesperada.
(Pág. 19)
...A redoma havia se quebrado e eu estava tentando lentamente 
juntar os caquinhos espalhados pelo chão, minhas lágrimas não eram o
suficiente para que ele se comovesse e dissesse que eu estava
enganada. (Pág.20)
...O fato de ele estar ali, na minha frente com os olhos marejados de
lágrimas, era a prova que eu não queria, era a confissão que durante
semanas desejei não ouvir. (Pág. 21)

Algumas pessoas me perguntam como foi de fato que descobri que ele estava usando drogas, em que momento a dúvida deixou de ser dúvida e passou para o campo de certeza.

Acho que esse momento crucial foi quando ele confirmou a minha pergunta ao ficar calado, em silêncio.
Era semana de Natal, e eu já estava notando algumas diferenças em seu comportamento há alguns meses, entre vários exemplos, como companhias, havia também a falta de interesse em relação ao nosso relacionamento. 

Eu era tratada por ele como se fosse uma princesa, ele adorava fazer surprezas, presentes fora de época e tudo mais, eu viva dentro de uma redoma de vidro, mesmo não querendo, era assim que ele me tratava, e com as drogas, isso foi mudando, eu seria hipócrita se dissesse que descobri devido as mudanças físicas ou emocionais, não, não por isso, eu não percebi que ele estava emagrecendo e nem que estava se afastando de tudo e todos, eu apenas percebi por que ele mudou comigo, mudou dentro do nosso relacionamento, ficando distante, não se importando se fossemos nos ver naquele dia ou não foi assim que descobri.

A redoma de vidro de fato havia se quebrado, no momento em que eu perguntei para ele, naquela noite, após ter trabalhado até às dez da noite na loja que era o meu emprego na época, caminhando sentido à casa dele, se ele estava usando drogas e ele me respondeu me pedindo para deixá-lo se explicar, naquele momento tudo foi para o espaço, a dor que senti me fez querer não existir, meu mundo estava saindo do lugar e as minhas lágrimas não o comoviam ao ponto de fazê-lo dizer para mim que era tudo coisa da minha cabeça, não, ele não fez isso, para o meu desespero, ele negou, mas a negação durou pouco, logo vei a promessa de parar e então percebi que não tinha mais jeito.

E foi no momento em que as promessas começaram que eu soube que não era um pesadelo, que no dia seguinte, depois que eu acordasse, nada mais seria como antes.

A minha história não é diferente de muita gente, eu acredito que ainda tive sorte, porque descobri cedo, fazia pouco tempo que ele estava usando, não descobri pelo motivo mais nobre do mundo, mas ainda sim, acho que serve de exemplo, a maneira, o meio pelo qual você descobre não é mais importante do que a descoberta em sí e a dor ao saber também não será menor nem maior.

O quanto antes essa descoberta for feita, mais chances há na árdua luta de ajudar um dependente químico.


3 comentários:

  1. meu esposo é usuário da cocaina antes era uma vez p/ mês agora é uma vez p/semana e quando usa só volta no dia seguinte.
    gostaria de saber como devo me comportar diante desta situação ou seja quando ele retorna ñ sei mais o que fazer estou desesperada vendo essa cena se repetir toda semana ..
    já falei pra ele procurar tratamento mais ele se recusa e diz que ñ é viciado ( ativo ) mais ta estampado que sim e sei que só vai piorar a cada dia que passa me ajude por favor
    obrigada

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  2. Olá, se quiser pode me mandar e-mail também, ok?
    Olha, é uma situação difícil porque ele ainda não admiti a impotência dele perante o vicio, como vc disse, ele não se acha viciado e isso não é algo que agente convence o outro, o outro é que tem que percebe, normalmente qndo ele chega no ponto onde não tem mais a quem recorrer, não tem mais o que perder é qndo ele resolve buscar ajuda, eu e digo que o mais importante nesse momento é vc, é você se fortificar para não cometer insanidades durante a adição dele, nós adoecemos quando estamos ao lado de um dependente, tudo porque ficamos "malucas" com as atitudes deles, nos sentimos traídas, com sensação de ter sido trocada pelas drogas, nos sentimos com baixa auto-estima e com isso acabamos fazendo besteiras, acobertamos o vício deles, arranjamos desculpas para cada vez que suportamos as agressões verbais e as vezes físicas deles, mentimos para nós mesmos e por aí vai.
    Meu conselho? busque o qnto antes ajuda, busque um grupo de aopoio Nara-anon, NA, Amor exigente, qualquer um, mas nõ permita que a doença dele acabe com você, para ele se recuperar, você terá que estar bem...
    Estou à disposição, você não está sozinha!
    Um grande beijo.

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  3. muito obrigada vou procurar sim a partir de hj porque eu estou deixando de viver a minha vida pra viver a dele sempre preocupada com medo e muito mais ..
    compre seu livro estou só esperando chegar
    beijos

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