quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Aprendendo a viver!


Eu tenho recebido alguns e-mail, de pessoas que lêem o blog, pessoas que eu não sabia que lêem por nunca terem comentado nele e confesso que fiquei feliz ao ver há mais pessoas lendo e conhecendo o blog cada vez mais.

Em breve, contarei aqui a história de uma dessas pessoas, uma moça magnífica, com uma história de luta e de amor, mas, por hora, vou manter essa postagem focada em mim, se me permitem, vou apenas fala um pouco sobre as perguntas que recebo e vou respondê-las aqui.

A grande maioria já sabe da minha história, quem acompanha o blog desde o começo, ou quase no começo, sabe vários detalhes da minha jornada, mas, para relembrar e para aqueles que estão chegando agora, farei um breve resumo.

Quando eu tinha dezoito anos, conheci um rapaz a quem atribui o apelido de anjo em meu livro, no momento em que nos conhecemos, eu soube que seríamos namorados, uma amor típico de adolescentes, porém, não menos verdadeiro do que qualquer outro sentimento, em qualquer outra idade. Ele parecei estar procurando por mim e eu por ele, seus olhos perdidos no meio da multidão de uma balada, pararam diretamente nos meus, fixando os meus nos dele.

Ele era um dependente químico em recuperação (Sem fazer nada pela sua recuperação, sem frequentar um grupo de ajuda ou coisa semelhante). Fazia cerca de três anos que ele estava limpo, aparentemente, era um jovem normal, como qualquer outro. Vaidoso, trabalhava, brincava e mesmo tendo uma pesada carga de sofrimento sobre as suas costas, era aparentemente uma pessoa feliz.

Engano meu, ele tentava ser feliz, ele constantemente lutava para se encaixar no mundo atual. Passamos um ano bem, eu percebia que algumas atitudes dele eram consequências da sua dependência do passado, sua insegurança, baixa autoestima, desistia fácil das coisas, ficava com raiva de si e tentava agredir a si mesmo, verbalmente e algumas vezes fisicamente, isso tudo, faz parte da grande caixa de surpresas que é um dependente químico em recuperação.

Após um ano de namoro, ele recaiu, o crack o dominou e o tirou da realidade novamente. Foi nesse ano que conheci a dor de verdade, o medo, a angústia, mas também conheci a força, a fé, a solidariedade.

Enfim, aguentei o máximo que pude, como qualquer codependente que desconhece o assunto, cometi várias insanidades na tentativa de fazê-lo parar, me anulei, passei a viver a vida dele, a respirar pelos movimentos dos pulmões dele, a comer conforme o apetite dele e a dormir o sono.

Essa era eu, uma típica codependente, alguém que não se via dessa forma, eu me achava forte, não porque eu era de fato, mas sim porque ele precisa que eu fosse, eu aprendi a não chorar, aprendi a manipular, a chantagear, aprendi a desistir de mim em nome dele.

E é nesse ponto que quero chegar, algumas pessoas me perguntam como? Como consegui? Haja visto que hoje eu tenho uma vida absolutamente normal, casada com o amor da minha vida, com uma filha, feliz e realizada.

Mas, nem sempre foi assim, conversando hoje com a nossa amiga de blog, a Cicie, comentei com ela que houve um caminho que tive que percorrer até chegar aqui, uma fase que não pode ser pulada: A de frustração, de decepção, de medo, de insegurança.

Eu passei por todas essas fases depois que percebi que não tinha mais condições de continuar ajudando meu ex-namorado.

Eu saia de casa com medo, não dele, mas de tudo, e quando ia para a balada, forçadamente pelas minhas amigas, diga-se de passagem (porque eu achava que levaria séculos para eu sair por vontade própria e me interessar por alguém de novo) eu evitava qualquer contato com algum rapaz, mesmo que fosse visual, lá estava eu fugindo.

É claro, não foi da noite para o dia e nem sozinha, em meu livro eu falo que Deus colocou anjos em minha vida durante essa minha jornada e alguns desses anjos me ajudaram durante a fase em que eu estava com o meu ex e outros, me ajudaram depois, na minha nova fase, foram amigos e amigas que me colocaram de volta no mundo real.

Para tornar isso mais real aos olhos de vocês, e respondendo algumas perguntas, recomendo que lêem os posts sobre Necessidade de ser forte, Não criar expectativas para não me frustrar e Descobrindo a codependência em mim  e entenderão bem melhor quando digo que passei por fases.

Eu me apaixonei sim por outra pessoa, alguns meses depois de ter começado a viver novamente, eu fugi dessa pessoa como o cordeiro foge do leão, tudo nele me dava medo e me causava insegurança, a sua beleza, sua popularidade, sua vida bem sucedida e por isso que fugi tanto, mas, de nada adiantou, após passar duas semanas literalmente fugindo dele, lá estava eu, com ele.

Eu tive que ser ninja para esconder dele as minhas frustrações, inseguranças, cicatrizes. Eu não fui eu mesma e o fim disso vocês podem constatar nos links mencionados acima.

Percebam que eu disse que não fui Eu Mesma! Esse foi o meu maior erro e espero que reflitam sobre isso, reflitam sobre se libertarem de vez e se permitirem ser feliz, eu aprendi a viver novamente com o meu marido, mas, acreditem foi uma tarefa difícil, a minha codependência ainda estava bem latente em mim e isso afetou sim o meu marido, eu era tão chata com eles, vocês não imaginam o quanto, ainda era manipuladora, birrenta, carente e por aí vai...

Só quero que ao ler esse post, percebam que não foi tudo um mar de roas, e também, ninguém disse que seria, mas que valeu a pena, eu aprendi a viver com meus tombos, meus tropeças, minhas cicatrizes e feridas.

Querem saber o segredo? Eu aprendi a viver, vivendo, me jogando, deixando de ter medo de ser eu, com meus defeitos, minhas cicatrizes e meu passado

Se eu aprendi, você também pode!


8 comentários:

  1. Oii Giu, eu aprendi muito no seu blog com sua experiência com seu ex, quando eu descobri essa doença, a codependencia fiquei preocupada, pensei…será que eu tenho isso?!
    Mas a partir dai comecei a cuidar mais de mim, estou ajudando meu namorado, não como eu queria, mas como eu posso no momento, ele se sente inseguro, acha que eu não o amo mais, mas eu não posso ficar contra minha família! E eu estou orando muuuito por ele, eu penso nele o dia todo, eu quero acreditar que ele pode mudar, mas as vezes deixo a insegurança me abater, acho que pelo fato desses 3 meses juntos ele não conseguir ficar uma semana sem usar… Sei que não é fácil, Mas eu creio em Deus e sei que ele salva, cura e LIBERTA! Sei que tudo isso não é invão, eu conheço ele desde os 14 anos, e do nada ele apareceu na minha vida denovo, hj ele tem 19 e eu 23, bom o que me resta é torcer, a esperança é a ultima que morre!Estou ajudando ele sem esquecer de mim! Beeijãooo

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  2. Giu amada minha!!!
    Você é um exemplo de força! Como agente já falou é preciso muita coragem, tanto para deixar, quanto para continuar, você soube vencer sua co-dependencia e soltar as amarras! Quando viu que estava perigoso se afogar junto...
    Parabéns!!!
    Você é exemplo pra muita gente, e quantas pessoas são acarinhadas com suas palavras? Está cumprindo divinamente sua missão aqui na terra... adoro muito você!

    Beijos no seu coração que é lindo!

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  3. Jé, é isso mesmo, Deus pode tudo e o que você está fazendo é certinho, ajudando-o da forma que você pode sem se tornar uma co, bom seria se todas as pessoas tivessem essa visão, seria evitado sofrimentos dos dois lados, o dependente e o familiar, uma vez que a codependência atrapalha e muito a recuperação do D.Q.
    Parabéns menina, você está no caminho certo!
    Beijosssss e obrigada pela visita!

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  4. Gaby, anjo de luz, obrigada pelas palavras, sempre tão lindas e que me emocionam.
    Ás vezes eu preciso dizer isso pra mim mesma, que eu pulei fora porque estava me afogando, as vezes a culpa me assombra, mas, estou aprendendo a viver, todos os dias, só por hoje!!!
    Beijos anjo de luz!!!!

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  5. Giulli, quando te vejo relatar sua história (de força) hoje, já não sinto aquela culpa que era perceptível em alguns posts mais antigos. Neste post, por exemplo, vejo o quanto você hoje consegue focar em suas vitórias e nos obstáculos superados. Parabéns, querida!
    Um grande beijo! E obrigada por estar sempre presente em minha vida... ♥

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  6. Poly, que bom vê-la por aqui!
    É sim amiga, a verdade é que eu ainda me pego me cobrando e me culpando, mas estou aprendendo a lidar com isso, você com seus comentários aqui no blog me ajudou muito, saiba que você é uma grande responsável por essa "mudança" de visão...
    Eu é que lhe agradeço por estar na minha vida!!!
    Estou aqui, torcendo e lhe enviando somente coisas boas. beijos

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  7. Olá,
    Eu li seu livro a alguns meses atrás, e me encaixei em várias situações vivenciadas por você. Admiro muito sua coragem e seus sentimentos que são tão sinceros ao serem passados para nós.
    Conheci meu marido a 5 anos atrás, nos apegamos demais, sempre fomos muito unidos , amigos, parceiros mesmo... Eu sabia que ele fazia uso de maconha, mas era pouco, eu passava alguns dias na casa dele, e não parecia nada absurdo, apesar de eu ser contra qualquer uso de droga.
    Nos separamos por 4 meses, e voltamos, ele era outra pessoa, mas algo me ligava a ele, eu sentia que conhecia a essência dele como você coloca sobre seu ''anjo'' e eu sentia dentro de mim que precisava ajudá-lo e ele mesmo dizia para mim, que eu seria a unica pessoa para mudar o caminho dele, que eu era um anjo em sua vida.
    O tempo foi passando e algumas coisas diferentes surgindo, o uso da maconha havia percebido que aumentará, as amizades eram todas de drogas, ele foi criado pela mãe que pela falta do pai acreditou que sendo amiga e dando liberdade seria bom, mas a liberdade foi demais. As amizades me incomodavam, o uso da maconha também, ele não parava em emprego nenhum e sempre quando conseguia era pq eu indicava, ou procurava na interet, por contatos... Me chamava muito a atençãoa falta de iniciativa,quando eu me cansava e dizia que iria seguir meu caminho, ele dizia que precisava de ajuda, que queria mudar, enfim, e eu achava estranho tanto para ''maconha'', mesmo assim sempre tentei estar perto dispor de ajuda financeira, terapias, grupos, tudo, me dispunha a participar junto, mas depois eu acabava continuando com ele e tudo voltava igual.
    Nossa amizade foi se destruindo, fomos nos tornando estranhos um para o outro, eu já não tinha vontade de mais nada com ele.
    DESCOBRI QUE ELE FAZIA USO DE COCAINA, MAS ACHEI QUE ERA SOMENTE EM ÉPOCA DE CARNAVAL, POIS ELE TOCA EM UMA ESCOLA. Como não tenho contato com essas coisas, não consigo perceber os sintomas da pessoa, apenas percebia que ele estava diferente.
    Estamos a um ano morando juntos, foi um ano muitooo dificil, o que era para ser um sonho, parece que foi u pesadelo, e eu estou grávida de 5 meses, nem tendo relações estavamos mais e realmente não sei como aconteceu, as vezes acho que para ele mudar?? ou para e dar coragem de mudar...
    Fui percebendo algumas atitudes quando descobri que ele continuava fazendo uso de cocaina, meu chão desabou, por tudo o que passei, ele vendo tudo e agindo dessa forma, me traindo, me manipulando , mentindo. Ele disse que parou e tal, mas sinto que é mentira, se um dia ele chora e di que é um vicio de 15 anos, como conseguiu parar d repente, e isso ta me matando, pois não quero continuar com esse sentimento, passar isso para meu filho, estou muito feliz por minha gravidez, mas desesperada com meu futuro, eu pego no pé por pessoas que sei q usam, lugares, mas ele bate de frente, e acaba fazendo o que quer... Amo muito ele, mas sinto que não posso fazer por ele, não tenho mais o que fazer e tenho medo de ficar , meu filho nascer e nada mudar...Ele é uma pessoa do bem, de coração bom,mas não consigo confiar!
    Não sei o que fazer, sinto que devo seguir meu caminho, mas ao mesmo tempo tentar, mudar, pararde cobrar, e eu acabo me culpando muitas vezes, ele muda a história, dizque eu só critico, mas não consigo ver certas coisas e ficar quieta.
    Me perdoem o desabafo, mas vivo isso sozinha, nao posso compartilhar com minha família e nem com a dele, mas não aguento segurar isso sozinha, essa incerteza, esse sentmento...
    Fiquem com Deus!

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    1. Em primeiro lugar, sinta-se a vontade para desabafar sempre que quiser, pode me mandar e-mail também...
      Olha, agora que está grávida, o foco tem que ser você e o BB, é a prioridade e tenho que ser bem franca com você, vou dizer o que você já sabe, ele só vai parar quando decidir parar, não é amor, não é família, não é filho, nada é capaz de fazer eles pararem se eles não quiserem realmente parar, dói saber que o nosso amor não é capaz de fazê-los parar, mas é algo que vai além do controle deles e é difícil julgar, mas, você disse a verdade amiga, anos e anos usando, parar do nada é um pouco estranho, parar sem se frequentar um grupo, sem um tratamento, eu acredito na recuperação mas quando agente vê que há vontade em recuperar. Nesse momento, foca em você, pensa no que é melhor pra vc e seu BB, eu entendo que você se sinta quase que na obrigação de ajudá-lo, conheço esse sentimento, achamos que somos capazes de mudá-los, de fazer com que o melhor deles aflore novamente, às vezes nos sentimos fortes e decididas a enfrentar tudo por eles, mas, isso á nossa Codependência camuflada porque no fundo, temos que saber que não somos nós as salvadoras da "pátria", eles não vao parar por nós e se pararem, acredite, estão propensos à recaída, a recuperação tem que vir deles para eles mesmos, e nós, só podemos pedir ao nosso Poder Superior que nos dê forças para aceitar e mudar se preciso for...
      Minha querida, não passe por isso sozinha, se você não tem com quem compartilhar, escreva, seja aqui, ou por e-mail isso vai te fazer bem... Vamos torcer pela recuperação dele... Beijos

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