Eu tenho recebido alguns e-mail, de pessoas que lêem o blog, pessoas que eu não sabia que lêem por nunca terem comentado nele e confesso que fiquei feliz ao ver há mais pessoas lendo e conhecendo o blog cada vez mais.
Em breve, contarei aqui a história de uma dessas pessoas, uma moça magnífica, com uma história de luta e de amor, mas, por hora, vou manter essa postagem focada em mim, se me permitem, vou apenas fala um pouco sobre as perguntas que recebo e vou respondê-las aqui.
A grande maioria já sabe da minha história, quem acompanha o blog desde o começo, ou quase no começo, sabe vários detalhes da minha jornada, mas, para relembrar e para aqueles que estão chegando agora, farei um breve resumo.
Quando eu tinha dezoito anos, conheci um rapaz a quem atribui o apelido de anjo em meu livro, no momento em que nos conhecemos, eu soube que seríamos namorados, uma amor típico de adolescentes, porém, não menos verdadeiro do que qualquer outro sentimento, em qualquer outra idade. Ele parecei estar procurando por mim e eu por ele, seus olhos perdidos no meio da multidão de uma balada, pararam diretamente nos meus, fixando os meus nos dele.
Ele era um dependente químico em
recuperação (Sem fazer nada pela sua recuperação, sem frequentar um grupo de ajuda ou coisa semelhante). Fazia cerca de três anos que ele estava limpo, aparentemente, era um jovem normal, como qualquer outro. Vaidoso, trabalhava, brincava e mesmo tendo uma pesada carga de sofrimento sobre as suas costas, era aparentemente uma pessoa feliz.
Engano meu, ele tentava ser feliz, ele constantemente lutava para se encaixar no mundo atual. Passamos um ano bem, eu percebia que algumas atitudes dele eram consequências da sua dependência do passado, sua insegurança, baixa autoestima, desistia fácil das coisas, ficava com raiva de si e tentava agredir a si mesmo, verbalmente e algumas vezes fisicamente, isso tudo, faz parte da grande caixa de surpresas que é um dependente químico em recuperação.
Após um ano de namoro, ele recaiu, o crack o dominou e o tirou da realidade novamente. Foi nesse ano que conheci a dor de verdade, o medo, a angústia, mas também conheci a força, a fé, a solidariedade.
Enfim, aguentei o máximo que pude, como qualquer codependente que desconhece o assunto, cometi várias insanidades na tentativa de fazê-lo parar, me anulei, passei a viver a vida dele, a respirar pelos movimentos dos pulmões dele, a comer conforme o apetite dele e a dormir o sono.
Essa era eu, uma típica codependente, alguém que não se via dessa forma, eu me achava forte, não porque eu era de fato, mas sim porque ele precisa que eu fosse, eu aprendi a não chorar, aprendi a manipular, a chantagear, aprendi a desistir de mim em nome dele.
E é nesse ponto que quero chegar, algumas pessoas me perguntam como? Como consegui? Haja visto que hoje eu tenho uma vida absolutamente normal, casada com o amor da minha vida, com uma filha, feliz e realizada.
Mas, nem sempre foi assim, conversando hoje com a nossa amiga de blog, a Cicie, comentei com ela que houve um caminho que tive que percorrer até chegar aqui, uma fase que não pode ser pulada: A de frustração, de decepção, de medo, de insegurança.
Eu passei por todas essas fases depois que percebi que não tinha mais condições de continuar ajudando meu ex-namorado.
Eu saia de casa com medo, não dele, mas de tudo, e quando ia para a balada, forçadamente pelas minhas amigas, diga-se de passagem (porque eu achava que levaria séculos para eu sair por vontade própria e me interessar por alguém de novo) eu evitava qualquer contato com algum rapaz, mesmo que fosse visual, lá estava eu fugindo.
É claro, não foi da noite para o dia e nem sozinha, em meu livro eu falo que Deus colocou anjos em minha vida durante essa minha jornada e alguns desses anjos me ajudaram durante a fase em que eu estava com o meu ex e outros, me ajudaram depois, na minha nova fase, foram amigos e amigas que me colocaram de volta no mundo real.
Para tornar isso mais real aos olhos de vocês, e respondendo algumas perguntas, recomendo que lêem os posts sobre
Necessidade de ser forte,
Não criar expectativas para não me frustrar e
Descobrindo a codependência em mim e entenderão bem melhor quando digo que passei por fases.
Eu me apaixonei sim por outra pessoa, alguns meses depois de ter começado a viver novamente, eu fugi dessa pessoa como o cordeiro foge do leão, tudo nele me dava medo e me causava insegurança, a sua beleza, sua popularidade, sua vida bem sucedida e por isso que fugi tanto, mas, de nada adiantou, após passar duas semanas literalmente fugindo dele, lá estava eu, com ele.
Eu tive que ser ninja para esconder dele as minhas frustrações, inseguranças, cicatrizes. Eu não fui eu mesma e o fim disso vocês podem constatar nos links mencionados acima.
Percebam que eu disse que não fui Eu Mesma! Esse foi o meu maior erro e espero que reflitam sobre isso, reflitam sobre se libertarem de vez e se permitirem ser feliz, eu aprendi a viver novamente com o meu marido, mas, acreditem foi uma tarefa difícil, a minha codependência ainda estava bem latente em mim e isso afetou sim o meu marido, eu era tão chata com eles, vocês não imaginam o quanto, ainda era manipuladora, birrenta, carente e por aí vai...
Só quero que ao ler esse post, percebam que não foi tudo um mar de roas, e também, ninguém disse que seria, mas que valeu a pena, eu aprendi a viver com meus tombos, meus tropeças, minhas cicatrizes e feridas.
Querem saber o segredo? Eu aprendi a viver, vivendo, me jogando, deixando de ter medo de ser eu, com meus defeitos, minhas cicatrizes e meu passado
Se eu aprendi, você também pode!