quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Me tornando uma codependente


E assim, a semana foi se passando, eu não saía de casa para nada,
passava o dia todo na frente do computador, lendo e tentando
entender, eram tantas informações, muitas não compreendi na época,
como sobre a codependência, eu havia visto em vários sites, tópicos
direcionados para esse assunto, mas não dei a importância que deveria
ter dado, eu estava me tornando uma codependente e não estava me
dando conta disso.

Em um dos milhares de sites que entrei para ler sobre o assunto, na
primeira página dizia: “A dependência química não tem a ver com
errar, com ser estúpido ou mau caráter, tem a ver com sofrimento e
necessidade de ajuda”. Mais tarde, vim a descobrir que o problema
não era ele usar drogas, não era isso que o tornava doente, o problema
era ele estar adoecido existencialmente, era os sentimentos e emoções
que ele tinha que o tornava doente e por vontade própria o levou a
buscar força e consolo nas drogas. Descobri que tratava-se de um
assunto psicológico e científico.

Estávamos nos falando todas as noites, ele dizia que estava bem, que
não estava sentindo falta e nem vontade, dizia apenas que sentia
saudades de mim, isso fazia eu me sentir especial para ele novamente,
cada vez em que nos falávamos, era como se meu coração fosse se
quebrar em pedaços, a dor era tão intensa, a saudades e a vontade de
estar perto eram tão fortes que eu me agarrava às lembranças boas
para ter forças, eu sabia que ele precisava de mim e eu também
precisava dele.
(Trechos do livro Valeu a Pena )

Eu me tornei uma codependente sem saber que era, eu estava buscando informações na internet para tentar entender a doença do meu então namorado adicto, mas, eu não sabia que um/uma codependente também precisa de ajuda e acompanhamento, eu estava 100% focada na recuperação e doença dela, e isso fez com que eu me afundasse em minha doença, e os sinais dela, já estavam aparecendo como no trecho acima, onde eu literalmente me sentia feliz ao ouvi-lo dizer que estava com saudades, ele estava na casa da irmã em outra cidade, cerca de 4 horas de distância, após ter tentado suicídio (já fiz uma postagem sobre esse dia), eu estava com saudades dele e com medo do que iria acontecer dali em diante e saber que ele também sentia saudades era capaz de acalmar a minha "doença", eu estava tão dependente dele quanto ele de mim.

É, isso é ser codependente.

Aos poucos, agente vai entendo essa doença e vai refletindo a respeito e percebendo que precisamos de ajuda para poder ajudar, que se nos anulamos para poder ajudar, já estamos condenados a atrapalhar.

Ser codependente não tem nada de nobre ou heroico, não permitam que essa doença se instalem em suas vidas...

Uma quinta iluminada para todos nós.


6 comentários:

  1. É muito complicado tudo isso, a gente só pensa em ajudar e esqce de ajudar a si mesma, foi dificil para mim, quando eu lia que eu tinha que cuidar primeiro de mim, eu achava estranho, pq eu pensava que quem precisava de ajuda era ele não eu!!!Tolinha eu!!Quando vi já estava me prejudicando no serviço na faculdade, eu deixava de sair com os amigos pra ficar com ele, pra evitar ele de usar, aquelas coisas que muitas fazem pensando ser a solução, aos poucos fui aprendendo e vendo que estava me prejudicando, me machucando e comecei a cuidar de mim, e foi a melhor coisa que eu fiz, ele percebeu que estava me perdendo e precisava mudar, graças a Deus ele quis se internar, estou orando muito para a recuperação dele. Ah e estou cuidando muito de mim o//
    Beeijão Giuu

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  2. Giu, como bom hj termos blogs que falem de sentimentos, e daquilo que ocorre dentro da gente e é espiritual e não quimico.
    Tb fiz esse intenssivão quando a bomba estourou na minha vida... hoje podemos evitar que outras familias andem tanto em circulos como a gente andou né?
    Te amo amiga!!! Vc tem uma sensibilidade e é pra pra mim um exemplo de recuperação, não porque se separou do adicto, pelo contrário o que vc faz aqui é um grande exemplo de carinho e amor ao proximo.

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  3. Belíssimo Post, Giulli!
    Parabéns!
    Abração e TAMUJUNTU.

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  4. É sim gente, temos mesmo que falar sobre a codependência na pratica, em como ela nos atinge e como saímos dela, ou pelo menos nos recuperamos dela... bjos a todos

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  5. Giulli Angel, a frase "se nos anulamos para poder ajudar, já estamos condenados a atrapalhar", diz tudo. Amar ao próximo, se preocupar com ele e querer ajudar é lindo, mas, esquecer de si próprio para fazer isso, é doentio. Excelente post, querida! Muito esclarecedor e cheio de sentimento...
    Beijos no seu coração!!!
    Bom sabadão pra você e família!

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  6. Poly, concordo com você, você soube colocar bem as palavras nesse comentário...
    bjos

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