segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Fundo do poço!


Muito se fala no termo "Fundo do poço" entre os dependentes e codependentes, as irmandades, grupos de ajuda, clínicas e comunidades terapêuticas, mas, o que é de fato esse fundo do poço?

Ele não é um lugar e sim uma situação, algumas vezes, chega a ser o conjunto de várias situações, situações limites, onde o indivíduo percebe que chegou o momento de tomar alguma atitude.

Por não se tratar de um lugar específico e sim de uma situação, o fundo do poço pode ter significados diferentes para pessoas diferentes, mesmo as situações de vida sendo semelhantes, para algumas pessoas, chegar ao fundo do poço é perder o emprego por causa do seu vício, para outras, o seu fundo do poço é perder o apoio da família, para alguns é chegar ao ponto de roubar para sustentar o seu vício, a sua dependência, a sua doença a sua adicção, há quem chegue ao fundo do poço quando se vê atrás das grades, e ainda quem chega a cometer a tentativa de suicídio, mas há também pessoas que só encontram o seu fundo após passarem por todos esses exemplos escritos acima e ainda há quem passa por tudo isso e ainda sim não encontrou o seu fundo do poço.

O que sei é que esse fundo do poço existe e que de fato, a recuperação só acontece quando o dependente chega nele, é aquele momento em que ele não se reconhece mais, em que ele se vê sem a sua dignidade, independente se perdeu tudo ou não, é o momento em que ele deixa de negar e passa a aceitar a sua doença.

Para que se esteja no chamado fundo do poço, não é necessário que haja grandes perdas, como disse logo acima, cada um tem o seu fundo do poço, cada um tem o seu momento de redenção!


A verdade é que não importa qual é o tamanho do seu fundo do poço, não importa qual é o tamanho da queda, ela sempre é dolorida, mas há o lado bom em se estar no fundo do poço, quando se está nele é sinal de que você parou de cair, você tem a oportunidade de se levantar, de respirar, de pensar em uma nova maneira de viver a sua vida e principalmente, de pedir ajuda!

Já ouviram a expressão " No fundo do meu poço tem molas"? Pois é, todos nós temos molas em nossos poços e em algum momento, são essas molas que nos impulsionam e nos fazem subir novamente.

Eu, particularmente uso o termo fundo da piscina, eu dizia para o meu ex-namorado dependente químico que quando ele chegasse ao fundo dela, quando não estivesse mais ar, quando sentisse que estava prestes a se afogar, ele iria encontrar forças para dar um impulso e voltar à superfície, afinal, o fundo da piscina é o melhor lugar para se dar um impulso e retornar à superfície.

Como codependente, eu também tive o meu fundo, também tive aquele momento em que você percebe que precisa fazer algo, eu estava definhando, já havia sofrido grandes perdas materiais e emocionais, mas, eu nunca perdi a fé na recuperação dele, perdi a fé em quanto mais eu suportaria, por isso, dar o impulso no meu fundo, significou para a minha vida, permitir que o meu ex-namorado seguisse sozinho o seu caminho, encontrasse a sua mola, a sua luz.

 Boas 24 horas para todos e que encontremos sempre que necessário as molas em nossos poços!

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3 comentários:

  1. Muito boa sua colocação de fundo de poço Giu é bem isso mesmo... cada um tem seu limite para o fundo.

    Beijos e ótimo dia!

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  2. Magnânima esta sua colocação, minha amiga Giulli.
    Muito boa mesmo!
    Olha...recentemente tive um "diálogo" com uma participante de um dos Blog's que eu sigo, justamente sobre esta questão de "fundo de poço". Aliás, vc sabe de quem estou falando e acho até que foi justamente esta questão que te levou a fazer esta linda postagem.
    Muito bem.
    Quero aproveitar aqui este teu espaço para trazer um exemplo de que "fundo de poço" não é perder tudo o que se tem, mas basta perder algo que não se queria perder...é chegar ao ponto que não se queria chegar.
    Olha só.
    Quando eu cheguei ao A.A., em 1995, lá encontrei um Sr que contava sua história, que me deixava "encabulado". Eu procurava saber o que ele tava fazendo ali, se nunca tinha se embriagado.
    A história deste homem, tentarei resumir aqui.
    Ele era um exímio servidor público federal, da extinta SUDENE. Trabalhava junto com o meu avô e era conhecido nosso.
    Ele nunca havia faltado um dia de serviço por motivos de bebidas alcoólicas. Nunca tinha se embriagado. Não havia perdido nada por causa da bebida. Pra se ter uma idéia, ele só bebia uma vez no ano...isso mesmo..uma vez no ano. Era justamente na noite de reveion, do dia 31 de Dezembro para o dia 01 de Janeiro. Ele dizia que não gostava do sabor das bebidas, mas que naquele dia, como estava reunida toda a família, ele tomava uma champanhe, coisa e tal.
    Isso acontecia já há vários anos. Todos os anos, no dia 01 de Janeiro, sempre a família dele estava reunida para o almoço e ele, como era o patriarca, sentava-se na ponta da mesa, com toda a família ao redor.
    Certo ano, como de praxe, ele tomou umas doses na noite de virada de ano. Desta vez, ele bebeu um tanto que apagou-se. Não ficou bêbado perturbando, nada disso. Apenas sentiu algo que nunca havia sentido e achou melhor ir dormir, pois já havia comemorado a entrada de ano e não estava sentindo-se bem.
    Só que aconteceu algo que ele não esperava. Ele dormiu demais e na hora do almoço, não fez-se presente na mesa.
    Quando acordou, todos já haviam almoçado e sua filha mais velha perguntou se ele queria que ela colocasse o almoço dele. Como já eram quase quatro horas da tarde, ele disse que iria esperar para jantar junto com a família.
    Foi aí que sua netinha, de apenas nove anos de idade, lhe disse: "Mas vôinho! Todo ano a gente almoça junto e hoje o Sr não tava junto com a gente na hora do almoço. A gente sentiu sua falta e o pessoal tava falando que o Sr tava dormindo porque tinha bebido demais ontem. Num beba mais não, Vôinho".
    Pronto!
    Aquilo foi o "fundo de poço" pra ele.
    Ele sempre contava esta história em cabeceira de mesa.
    Ele disse que nunca imaginava ter que escutar de sua netinha, uma chamada daquelas.
    Alguns dias depois disso, ele foi levar um conhecido para o A.A.. Chegando lá, escutou vários depoimentos, mas ele não se identificava com nenhum, pois realmente não havia passado por aqueles "fundo de poço" que escutamos nas salas de reunião.
    Mas ele continuou voltando, só que para acompanhar este grande amigo dele. De repente, numa destas Reuniões, ele escutou alguém dizer que alcoólatra não é aquele que necessariamente bebe todos os dias, mas aquele que quando bebe, passa dos limites, nem que seja uma vez no ano.
    Aí ele disse:"Sou eu" Eu sou um alcoólatra! Quero ingressar nesse A.A. de vocês!".
    Este cidadão faleceu com mais de 28 anos sóbrio!
    Valeu, Giulli, pela suas colocações da mola no fundo do poço...rsrs
    Abração e TAMUJUNTU.

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  3. Júnior, adorei vc ter comentado, o exemplo que você deu aqui de fundo do poço é perfeito, é disso que estou falando, as pessoas imaginam o fundo do poço como sendo a perda total, mas, não é né... Obrigada amigo.
    Tamujuntu e juntos somos mais fortes!
    Que tenhamos um restinho de semana serena e tranquila!

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