terça-feira, 16 de agosto de 2011

Quando uma pessoa independente se torna codependente


Por que queremos tanto agradar aos outros e nos esquecemos de nós mesmos? 

Muitas vezes, achamos que somos as melhores pessoas do mundo, justamente por estarmos sempre agradando aos outros, por estarmos sempre dispostos, sempre disponíveis para os outros. Deixamos de lado nossas necessidades, nossos interesses e nossas vontades sempre que "recebemos" um chamado, um pedido de ajuda e depois disso tudo, nos frustramos e ficamos chateados por não sermos correspondidos da mesma forma.

É, se você se identificou com o parágrafo acima, você pode ser uma pessoa como eu, uma codependente: Alguém que acredita ser responsável pela vida e felicidade do outro. (No meu caso, sou uma co em recuperação, por isso, a frase acima é lida por mim no passado, eu acreditava ser responsável...).

Existe uma forma de dependência sadia, que nem precisaria ser chamada de dependência, afinal, essa palavra nos remete à algo ruim, mas é algo que faz parte da natureza do ser humano, precisamos admitir que precisamos uns dos outros, sendo esse precisar considerado um grau normal de necessidade.

A partir do momento em que esse grau de dependência aumenta, quando passamos a achar que precisamos do outro e que o outro precisa de nós mais do que o normal, mais do que o saudável, estamos nos tornando codependentes!

Nesse momento, passamos a nos sentir como os grandes salvadores do universo, é a falsa idéia de força que a codependência nos dá e não é nada fácil percebermos que estamos assumindo o papel de heróis, estamos tão acostumados a nos sacrificar pelo o outro, as nos anular e nos colocar em segundo plano que não conseguimos perceber que isso não é normal, estamos habituados a querer controlar a vida do outro, a querer que o outro siga as nossas regras, mas não porque somos autoritárias(os), é porque realmente acreditamos que podemos ajudar, sem o outro nem mesmo ter pedido ajuda.

Quando nos tornamos codependentes, dizemos sim mesmo querendo dizer não, assumimos responsabilidades que seriam do outro e fazemos coisas que o outro deveria fazer.

Olhando superficialmente, uma atitude de um codependente pode ser algo natural, um ato de generosidade, de bondade, pode parecer algo positivo, afinal, as intenções de um codependente são as melhores, mas, na verdade essas melhores intenções, são na maioria das vezes inadequadas, exageradas, tanto com o outro quanto com nós mesmos.

A questão é que o codependente é viciado no dependente assim como o dependente é viciado na droga e como consequência, perde a habilidade de viver a sua própria vida. O codependente adora dar atenção, mesmo não recebendo atenção em troca, ele continua ali, dando cada vez mais de si, e isso é uma faca de dois gumes, pois, quanto mais ele se torna codependente, menos autoconfiança ele tem, tudo porque ele perde a noção dos seus próprios limites e de suas necessidades.

Bingo! Essa era eu há anos atrás, me anulando sem perceber, achando que eu estava certa e que Ele tinha que seguir tudo o que eu achava, me doando sem nada receber em troca, eu tinha esperanças que ao tentar controlar o comportamento dele, ele conseguiria sair do mundo das drogas e abandonar o seu vício.

O exato momento em que nos tornamos codependentes não é possível afirmamos, mas, sabemos que é quando começamos a querer controlar o outro na esperança de ajudá-lo e nessa busca nos perdemos, perdemos a nossa própria identidade. Em outras palavras, se ao nos dedicarmos ao outro, estivermos nos abandonando, estamos adquirindo comportamentos de codependência.

Ser solidário ao outro, querer ajudá-lo, não significa sentir a dor dele, podemos nos aproximar dele sem que tenhamos que nos colocar na condição de inexistentes para nós mesmos, de uma forma sadia, admitindo que somos impotentes perante a dependência dele, admitindo que se ele tiver que fazer algo em nome da droga, ele fará e a única forma de ajudá-lo é não sendo permissivas e facilitadoras da doença dele.

A autora do Livro Co-dependência nunca mais - Melody Beattie, relaciona em seu livro alguns itens típicos de um codependente:

- Considerar-se e sentir-se responsável por outra(s) pessoas(s) – pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo destino dessa(s) pessoa(s).
- Sentir ansiedade, pena e culpa quando a outra pessoa tem um problema.
- Sentir-se compelido – quase forçado – a ajudar aquela pessoa a resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções.
- Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente.
- Comprometer-se demais.
- Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está.
- Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente.
- Achar que a outra pessoa o está levando à loucura.
- Sentir raiva, sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não senta sendo apreciado.
- Achar que não é bom o bastante.
- Contentar-se apenas em ser necessário a outros.

Precisamos estar atentos, pois a codependência não é bom para ninguém, não é bom para o codependente e menos ainda para o dependente.

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3 comentários:

  1. Quando o meu amor usava drogas, eu queria controlar o comportamento dele, e todo o inferno que viviamos por conta das drogas. Quando o meu amor foi se tratar eu pensei que eu era codependente somente por que o meu amor era dependente quimico, pensava que seria somente por conta disso, mais ao ler sobre a codependencia, e ao ler inclusive textos como esse acima, percebi que não bastava ter um dependente quimico do lado pra ser codependente, mais sim controlar este e a situação, e viver pela outra pessoa.
    Meu namorado sempre me falava que TUDO tinha que ser do meu jeito, do jeito que eu queria e pronto! até as decisões que ele ia tomar tinha que ser do meu jeito, como eu queria, mais eu fazia isso por que queria ajuda-lo, pra ele não fazer errado, depois que ele foi pra clinica e quando começei a ler sobre a codependencia nos blogs percebi que sou uma tremenda codependente, agora sim eu percebo que sou codependente. Mais quando o meu a mor voltar ele vai sentir a diferença, pois como já sei que sou codependente vou me controlar!!! graças ao blog!!
    bjinhos...

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  2. P, a grande verdade é que embora se fala bastante em codependência relacionada a dependência química, ela não se manifesta somente nesses casos, a codependência atinge qualquer pessoa que tenha pré-disposição para controlar, manipular e que tenha uma grande facilidade de se anular em nome de outra pessoa.
    Hoje me dia, há inúmeros casais por aí que um dos dois fazem o papel de codependênte, são relações adoecidas tanto quanto as relações entre um casal que tenha um Dependente químico.
    O mais importante é vc estar consciente de que precisa se ajustar, não mudar o seu jeito, mas, optar um jeito mais saudável de viver, não querendo controlá-lo, deixando-o livre para andar com suas próprias pernas, enquanto você terá o papel de companheira e não autoritária...
    Beijossss

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  3. É verdade Giulli.. mais graças a Deus e ao seu blog e outros, consegui me perceber e não nego de que sou uma codependente sim, mais estou mudando...
    Eu pensei que codependencia seria somente pessoas que convivem com d.p, mais venho lendo e percebi que não. Mes Deus, então existem várias pessoas codependentes viu e nem se percebem.
    O meu amor vai notar a diferença... vai siiim!!rsrsrs
    O melhor pra mim será me controlar e mudar, não quero isso pra mim, é horrivel codependencia!
    Bjuss giiiiiuuu!! Obrigado.

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