Olá, são aproximadamente duas da tarde de um lindo domingo ensolarado aqui na minha cidade e eu me dei o direito de reservar algum tempo para vir escrever aqui no blog.
Eu estava a poucos minutos atrás lavando a garagem da minha casa quando ouvi um grito estridente de uma mulher, seguido de um barulho de porta batendo e depois mais um grito, eu olhei pelo meu portão e vi uma vizinha, uma moça de seus 28 anos eu acho, que mora poucas casas a baixo da minha, ela parecia estar descontrolada, entrou em seu carro e pude ouvir mais um grito e uma batida na buzina. Pensei que ela ia sair com o carro naquele estado, mas ela apenas permaneceu ali, dentro do carro e mais nada.
Eu voltei a lavar a garagem e pensei comigo: - É apenas um momento de surto, as pessoas surtam às vezes...
Logo após esse pensamento, me veio a mente a época em que eu estava com o Anjo Gabriel e de imediato pensei: - As pessoas surtam às vezes, menos eu...
Pois é, durante um ano da minha vida, quando estava deixando de ser adolescente e passando a ser mulher, com meus 18 anos, eu convivi diariamente com a situação limite me testando, eu tive vários motivos para SURTAR, para gritar, para me descabelar, para me atirar no chão e de lá não sair mais, mas, eu não fiz nada disso, tirando as lágrimas que escorriam pelos meus olhos no silêncio da minha cama, no escuro do meu quarto, eu nada mais fazia, nenhuma reclamação para ninguém, nenhuma lamentação, eu havia escolhido passar por aquilo e ninguém era obrigado a ouvir minhas frustrações.
Mas, por que achamos que ninguém pode nos ver surtando, por que temos que ser sempre tão fortes quando a situação nos permite e às vezes até exige que sejamos fracas?
Essa é uma características da Codependente, nós não nos damos o direito de sermos fracas porque sabemos que tem alguém que precisa que sejamos fortes.
Pessoas normais podem ter pequenos surtos, mas, nós, nós não, afinal, não somos apenas pessoas normais, vamos além da normalidade quando nossa fé e nossa força é testada e medida, sentimos a obrigação de amar e proteger e até mesmo de passar por cima de nossos sentimentos e nossa emoções para que possamos cumprir com o nosso papel de esposa, namorada, mãe ou amiga.
Vejo nos blogues de amigas que sigo, situações descrita por elas, que com certeza pessoas "normais" já teriam surtado, gritado, esperneado, sem medir sequer as consequências do seu surto momentâneo, mas, essas mulheres não fazem isso porque sentem a necessidade de se manterem firme, porque seu dependente químico é que está surtando naquele momento.
Pois é, vai aqui o conselho de quem também já sofreu muito por achar que não merecia o seu próprio momento de surto:
- Se for necessário, surte, grite, coloque para fora, extravase!
Por um bom tempo eu achei que encontrar a serenidade era me manter firme em todas as situações, me manter quase que apática às situações limites, hoje, eu entendo que encontrar a serenidade é me dar o direito de sentir quando isso for para me ajudar a me curar dela, é me permitir chorar quando tudo o que me resta no momento são as lágrimas, é colocar para fora aquilo que sei que dentro de mim não pode ficar.
Encontrar a serenidade é ter a sabedoria para distinguir quando é o momento certo de surtar, é saber que se aquele é o momento certo, algo de bom vai acontecer como consequência da minha explosão de sentimentos.
Só por hoje eu vivo a serenidade na minha vida e só por hoje, eu me dou o direito de SURTAR se isso significar encontrar a serenidade em seguida.
Bons momentos amigas guerreiras e lembrem-se, não precisamos sermos fortes 24 horas por dia, não temos que ser.
Boa tarde Giulli!
ResponderExcluirGostei muito desse post, acho que todas nós temos um grito preso na garganta, e nao soltamos realmente por achar que "alguem aqui" tem que se manter estavel já que a outra pessoa é doente, tbm nao gritamos por acharmos que a escolha foi nossa e nao devemos incomodar as pessoas normais com esse grito...vc disse tudo aí Giulli, nao sei quais sao as consequencias desse grito preso na garganta com o passar dos anos....
Beijos querida ! tamujuntas
Lindo post amiga, acho que a serenidade consiste também em abandonarmos nossas máscaras e aceitarmos nossos defeitos. Somos pessoas comuns e não temos que ser perfeitas e equilibradas o tempo todo, a serenidade consiste em se conhecer e se aceitar como é, não em conter atitudes que condizem com o que somos, mas sim em fazer uma reforma íntima para que elas se tornem brandas, mas sem mascaras e por nos mesmos e não por ninguem. Grande abraço e uma excelente semana pra ti, obrigada por partilhar do teu tempo! =)
ResponderExcluirGiu...eu sou mega codependente...mais vou te dizer...eu surto e surto muuuuiiiitttoooo..grito, choro, saio correndo, me jogo no chão, pulo, enfio a cabeça no travesseiro e grito com toda força...alivia viu...mais tb como vc disse é preciso saber a hora que podemos surtar pq tem vezes principalmente na frente de crianças...as coisas só ficam piores...
ResponderExcluirQuando eu peguei meu irmão e meu marido em um bar fazendo uso de drogas, pense num ser que surtou...surtei tanto que a rua augusta parou e ficou toda me olhando...eu empurrava meu irmão e meu marido que vinham atrás de mim, eu gritava eu chorava...vixxi...as vezes so doidinha demais...mais pelo menos coloquei pra fora... ;)
Bjinhu