Sábado na parte da manhã, precisei ir trabalhar, não é nada rotineiro, mas, quando comecei nessa nova empresa, me avisaram que normalmente no final do mês eu teria que dar uma estendidinha a mais durante a semana e talvez ir no sábado, e foi de fato o que aconteceu, durante a semana cheguei a trabalhar até às nove da noite e sábado fiquei até metade da manhã e depois, saí correndo para dar uma palestra às onze horas.
Uma amiga que é professora e está aguardando ser chamada pela prefeitura após passar no concurso, começou como voluntária em uma Lar para menores abandonados ou tirados dos pais pela justiça, o que era para ser voluntário se transformou em trabalho remunerado com o tempo, porque a pessoa que ficava como monitora dessas crianças teve que se afastar e essa minha amiga me convidou para dar uma palestra para esses jovens.
Ela desenvolveu o projeto, eu fiz um escopo do que seria falado na palestra e logo ele foi aprovado e então, sábado lá estava eu.
Fui sem saber ao certo como era o lugar, que tipo de crianças lá estavam. Logo que cheguei, fui recebida por um garoto por quem fiquei encantada, ele me chamou de tia e perguntou o meu nome, eu sorri e respondi, logo em seguida, outras crianças vieram para perto e fui apresentada à elas.
Subimos uma escadaria e chegamos no terraço da casa, um lugar muito agradável, limpo, bem cuidado. Minha amiga, Priscila, fez uma introdução e logo comecei a falar.
Quinze dias antes, essa minha amiga já havia falado com eles sobre o tema, e pediu para que eles colocassem suas dúvidas no papel e ela me enviou por e-mail as perguntas, como forma de me preparar para as dúvidas deles, entre as perguntas estavam:
- Que substância compõe o oxi?
- Como saber que alguém está usando drogas?
- Como identificar um traficante?
- Como nasce uma criança de uma mãe usuária?
- Qual droga é a mais perigosa?
- Cigarro é droga?
Comecei a palestra, falando sobre as drogas, começando pelas lícitas e depois ilícitas e na sequência, contei a minha história, disse à eles que eu não iria ficar falando da teoria, do mal que as drogas trazem, eu ia contar na prática.
Foi uma hora falando e respondendo as perguntas deles, pelo menos quatro de que ali estavam, estavam porque os pais haviam se envolvido com drogas e a justiça tiraram suas guardas, o pai de uma das jovens, cerca de 14 anos, estava preso inclusive, ele já havia sido internado e não se recuperou e acabou cometendo algum delito que o levou à prisão. Os olhos dela estavam cheios de lágrimas, eu tive que me segurar para não demonstrar ali na frente dela a minha comoção.
Assim como meu ex, e por isso eu fiz questão de deixar claro que o dependente não é marginal, criminoso, ele é doente e acho que ter falado isso à eles, ter mostrado a minha visão para eles, fez bem para que entendessem um pouco mais desse mundo que eles já vêm vivendo.
Saí de lá, com o coração cheio, todos vieram me beijar no final e me abraçar, saí de lá com a imagem do garotinho na mente, tão pequeno e tão esperto, quando eu estava falando sobre a droga mais perigosa, ele me perguntou se não era o Oxi, todo participativo. Eu pensei comigo:
" São crianças que já estão de uma certa forma com suas vidas marcadas por causa a droga, mas, isso não significa que estão condenadas a viver tragicamente por conta delas, eles precisam de alguém que lhe estendam as mãos e lhes mostrem que eles podem mudar suas histórias, independente do que tenha acontecido no passado om seus pais e famílias"
É, sei que há tantos outros lugares como esse, com tantas outras crianças como essas, mas,ter ido lá, não foi um bem só para eles, foi para mim também!
Parabéns pelo lindo trabalho que desenvolve nessa causa, querida!
ResponderExcluirUm grande beijo!