segunda-feira, 23 de maio de 2011

Uma codependente, uma heroína inexistente

Eu levei quase oito anos pra me sentir forte o suficiente para escrever o meu livro e criar esse blog, foram oito longos anos de aceitação, de superação e principalmente de autoperdão.
Eu tive que espantar todos os fantasmas que ainda me assombravam, eu tive que vencer meus medos e aceitar que eu nunca fui a heroína que todos achavam que eu era durante aquele ano da minha vida, eu tive que me aceitar como uma eterna codependente, porque as sequelas dessa doença ainda latejam em mim, mesmo que muitas vezes eu as camufle, muitas vezes eu as escondo no lugar mais profundo e secreto do meu ser, ainda sim, essas sequelas, a consequência do meu ato heróico em me doar totalmente e não perceber que eu estava ficando emocionalmente devastada, faz com que alguns sentimentos venham à tona.
Quinta-feira passada, eu havia saído do dentista e inevitavelmente, estava indo em direção à uma praça que não me traz boas lembranças, é uma praça onde antigamente havia uma grande concentração de "usuários" ( DQ - Dependentes Químicos, como prefiro chamar) inclusive "Ele", que também ficava nela quando estava na rua. Enquanto eu caminhava em direção à essa praça, eu vi de longe um jovem de aparentemente uns 23 anos, de bermuda e chinelos, nada demais em sua aparência, ele parou uma pessoa que estava passando pela praça no exato momento em que eu estava chegando nela, isso, foi o suficiente para que meu coração disparasse e me fizesse sentir medo, um medo que agora, nesse momento, não encontro palavras para exemplificar, mas algo totalmente fora de controle, minha imaginação criou asas, eu já imaginei que poderia ser um DQ pedindo dinheiro para comprar drogas, meu cérebro paralisou, meu raciocínio parou naquele momento e fez com que minhas pernas parassem também, qualquer outra pessoa continuaria andando normalmente por aquela praça, mas eu não, não tive coragem de continuar, eu voltei para trás e dei a volta no quarteirão, pra ser sincera, enquanto dava os primeiros passos para o lado oposto, percebi que eu estava sendo paranóica, mas ainda sim preferi mudar o caminho.
Esse, é só um dos vários episódios constantes que um codependente vive, qualquer situação que se assemelhe com a que ele(a) viveu e o(a) fez se tornar um(a) codependente, volta à tona, trazendo os mesmos sentimentos e sensações daquela época, como uma espécie de flash back ou dejavú.
Por isso, mesmo após longos oito anos de preparo e aceitação, eu digo que sou uma codependente e que de forma alguma tudo o que fiz, foi um ato heróico, tudo o que fiz foi um ato de desespero, porque eu tinha medo de enxergar que o vício era capaz sim de estragar a vida de uma pessoa e levá-la a se perder do seu caminho.

3 comentários:

  1. Parabéns pelo livro e pelo blog!
    Também sou uma co-dependente em recuperação, aprendendo a amar corretamente.
    Visite-me: www.amandoumdependentequimico.blogspot.com
    Abraços!

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  2. Obrigada! Estou no seu blog, nesse exato momento, parabéns, você escreve muito bem, e confesso que meus olhos estão cheios de lágrimas.
    Vamos manter contato e o que eu tenho pra lhe deejar nesse momento é que seu caminho seja iluminado! Seremos sempre uma codependente em recuperação e é essa última palavra "recuperação" é que faz toda a diferença.
    Só Por Hoje!
    Grande abraço!

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  3. Oiii

    Ja fazem tres dias que descobri que sou uma co-dependente, e estou meio viciada no seu blog eu estou lendo tudo desde o inicio dele, não quero perder nada, pois foi depois que pedi a Deus pra me ajudar que entrei na neth e comecei a procurar e encontrei seu blog, de cara descobri qual é o meu problema, ta sendo muito dificil pra mim, mas obrigada por vc ter feito este blog
    Um abraço

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