Comecei a escrever essa história quando tinha ainda 12 anos de idade e mal sabia eu, que anos mais tarde, a história se tornaria realidade, pode parecer coincidência, pode até ser a tal da lei da atração que diz que atraímos para nossas vidas tudo aquilo que desejamos e que não desejamos, somente pelo fato de pensar sobre, não sei ao certo, acontece que de certa forma, eu atraí para a minha realidade aquilo que eu havia escrito, com a diferença de que aos 12 anos eu não sabia ao certo o que era o chamado mundo das drogas, o que eu havia escrito, ainda com uma péssima caligrafia, não chegou nem perto da realidade que eu vim a vivenciar anos depois.
Na minha história, escrita para passar o tempo, um casal de adolescentes se apaixona e tempo depois, o jovem começa a usar drogas e a namorada passa a fazer de tudo para ajudá-lo. Até aí, ficção e realidade caminham lado a lado, mas, a história que vou contar daqui por diante, deixa de ser ficção e vocês passarão a ler a minha realidade e não a de um personagem.
Espero que vocês entrem em meu mundo e passem a enxergar através dos meus olhos como é dura e penosa a vida de um dependente químico e por sua vez, a de um codependente. Quero tentar expor com a maior clareza possível um mundo onde a dor e o sofrimento prevalece quase que vinte e quatro horas por dia, um mundo de constantes batalhas internas entre o certo e o errado, o bem e o mal, um mundo ainda desconhecido por muitos e que por sua vez, julgam de maneira impetuosa o adicto, rotulando-o injustamente como sem-vergonha, covarde, fraco, entre outros adjetivos, sem nem ao menos tentar enxergá-los como seres humanos, seres humanos que estão adoecidos e precisam desesperadamente de ajuda antes que sejam consumidos pela própria doença.
Foi inserida nesse mundo que, descobri o significado da codepedencia, onde parei de viver a minha vida para ajudar o meu companheiro, achando que estava fazendo o certo.
Tudo mudou rápido demais sem que eu percebesse o que estava fazendo, minha vida não era mais minha vida, minha respiração não era mais pela minha sobrevivência, eu respirava por ele, eu vivia por ele, eu me anulei em nome de algo maior, eu deixei de existir, eu era somente a sombra de mim mesma e mais nada e assim fui durante quase um ano de minha vida. Eu deixei de existir convicta de que tudo o que eu estava fazendo era para o bem dele, quando que na verdade, muito do que fiz não o ajudou em nada, apenas postergou algo que poderia ter acontecido antes. Mais, ainda sim, digo que valeu a pena fazer o que fiz, porque conheci o outro lado também, um lado que aqueles que estão com seus olhos encobertos pelo sentimento de julgamento são incapazes de enxergar.
Não vou contar uma história de amor que começa com o “Era uma vez” e termina com o final clichê “E eles viveram felizes para sempre”, nesse mundo, isso não existe, vou contar tudo o que passei tudo o que aprendi e espero que a minha história possa ajudar alguém, talvez um parente, talvez uma namorada (o), talvez um codependente. Espero que o meu sofrimento possa ajudar a acalmar o coração aflito de uma mãe que nesse exato momento possa estar sangrando ao ver seu filho (a) se afundar cada vez mais e não ter mais forças para ajudá-lo; espero que minhas palavras possam diminuir o desapontamento de um pai que viu irem por água abaixo todas as expectativas que depositou em seu filho(a); espero conseguir acalmar e diminuir o sentimento de impotência de uma namorada(o), que não sabe mais o que fazer para ajudar o seu amado(a) e que não consegue mais enxergar a tão sonhada luz no fim do túnel.
Quando decidi escrever esse livro, decidi que contaria tudo minuciosamente sobre o que vivi em relação às drogas, mas decidi que não iria expor a minha relação vivida com o meu ex, até porque, o meu intuito não é de escrever um romance, embora, seja sim, uma linda e triste história. Tentarei seguir a ordem cronológica dos fatos, embora, alguns acontecimentos, eu fiz questão de esquecer, enterrando-os no lado direito do meu cérebro e por isso, é um esforço grandioso para eu trazer todas essas recordações de sofrimento à tona.
Por respeito, o nome dele será preservado, o chamarei por um nome fictício de Gabriel e mais tarde entenderão o porquê. Desde já, deixo claro que para mim, ele é um vencedor, seja qual for o final dessa história.
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