Recentemente, eu li sobre o assunto no site da campanha crack nem pensar, a notícia foi tão chocante que achei que Valeria a Pena comentar aqui...
Um mãe, aposentada, que sofria há mais de oito anos com a dependência do filho em crack, foi a julgamento e por fim absolvida, por ter atirado no seu próprio filho. Até aí, todos pensam que já conhecem a história, há quem é capaz até mesmo de julgar essa mãe e há também quem a defenda. Eu, prefiro ficar imparcial, já estive dos dois lados, sei o que ver de perto alguém se destruir, ser consumido por essa maldita droga e sei o quão poderosa ela é.
Essa mãe, que diz ter sentido a maior dor em sua vida conta como tudo aconteceu, não só isso, ela conta a sua trajetória.
Uma família normal, ele Tobias, 24 anos, dependente desde os 14 anos, onde começou primeiro com a maconha, passando em seguida para a cocaína, perdeu as rédeas da sua própria vida a partir do momento em que experimentou pela primeira vez o crack. Se tornou agressivo, chegou a roubar para sustentar o seu vício e levou de casa tudo o que podia. Chegou a agredir o pai e a mãe nas vezes em que ouvia de ambos que não tinham dinheiro para dar a ele, para não sustentarem o vício do próprio filho. Ainda sim, ela, a aposentada Flávia, disse que chegou sim, a dinheiro para que ele não roubasse outra pessoa na rua.
Antes de se afunda no crack, ele chegou a namorar e a seguir a carreira de modelo, isso porque ele havia se afastado das antigas companhias, elas haviam mudado de cidade devido ao trabalho da mãe, mas, quando voltaram, o tragédia foi inevitável, voltou com as más companhias e passou a consumir a droga constantemente, chegou a ser internado e a passar trinta dias em um programa de recuperação, tomou antidepressivos e um remédio que bloqueia no cérebro a vontade de consumir a droga. Mas, não durou muito, assim que ele parou com a medicação, houve a recaída.
Ela conta que virou "banco vinte e quatro horas " dele e que sempre mantinha dinheiro trocado em casa, escondido, pois, quando ele incomodava muito, para evitar que ele fizesse algo pior na rua, ela dava a ela uma nota de cinco, isso lhe traria um pouco de paz.
Nos últimos tempos, a casa precisava ficar toda trancada, todos os comodos, ficando livre somente o quarto dele e a cozinha, mas, até chegar a esse ponto, muita coisa já havia sumido e então ele utilizava as ameaças como forma de conseguir dinheiro, dizendo constantemente que iria colocar fogo na casa e foi assim que aconteceu...
Foi em um domingo de Páscoa, em 2009, eles estavam almoçando, na beira da piscina, ele queria que a mãe pedisse dinheiro emprestado à uma vizinha e ela se recusou, ele a puxou pelos cabelos e a arrastou até o telefone, mas, ela conseguiu escapar, ele abriu as bocas do fogão e com um isqueiro na mão, ameaçava explodir tudo, ele quebrou uma janela e ameaçou matar a mãe, ela, desesperada, pegou a arma do marido com o intuito de assustá-lo e o disparo acidental aconteceu.
“Nunca pensei que pudesse ter uma atitude radical com o Tobias. Só peguei aquele revólver para assustá-lo. Foi um tiro só. Um acidente. Não direcionei a arma, não apontaria para o rosto dele. Ele passou correndo por mim, estava desnorteado. Tentou me explodir com gás dentro da cozinha, foi dramático. Estou na mão de Deus e da Justiça. A coisa mais preciosa que eu tinha, já perdi. Tudo que vier, vou receber como tem de ser.”
Fiquei feliz ao saber que ela foi absolvida recentemente, ficou comprovado sua legítima defesa.
Essa, é a história de uma mãe, dentre tantas outras que existem por aí...
Eu tive a sorte de não ter presenciado cenas parecidas como essa, enquanto caminhei ao lado de um dependente químico, vi as coisas sumirem da minha casa, vi as coisas dele sumirem, mas jamais o vi sendo agressivo, mas sei que isso é raridade no meio desse mundo.
Eles são DOENTES e precisam ser vistos como tal, por que um Sociopata por exemplo, (que também é uma doença) tem mais recursos e ajuda do que um dependente químico, que a sua doença tem origem externa?
Eu ainda espero que a dependência seja vista com mais importância, antes que, seja tarde demais.
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