Até onde você iria para ajudar alguém que escolheu o caminho errado em busca da tal felicidade? Em um mundo sofrido, perigoso e doloroso, eu senti na pele a dor de ver alguém querido tomar a decisão errada. Eu carreguei a minha própria nuvem de chuva enquanto decidi caminhar ao lado dele. Eu adoeci sem saber, uma doença tão perigosa quanto à dependência química. Eu me tornei uma codependente. E essa é a minha jornada, uma jornada de lágrimas, promessas, sofrimentos e vitórias.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Eu não aceito!
E as coisas vão simplesmente acontecendo, como um trem desgovernado em alta velocidade sem estação certa para parar, um atropelamento de situações, você quase não tem tempo para respirar, a única coisa que você consegue fazer é seguir o tal do fluxo, é lutar para não ser arremessada para fora desse trem, nada mais do que isso.
É estressante, você é testada além do seus limites, muito além do que você um dia pensou suportar e tudo continua a passar em sua vida com um cometa, dia após dia, é tudo rápido demais, a única coisa que você sente em câmera lenta é a dor, essa, passa estranhamente lenta demais, não importa em qual velocidade o trem esteja, ela parece não seguir o mesmo ritmo, o mesmo tempo, o mesmo espaço.
Tristezas, decepções, mágoas, dor, lágrimas, pequenos sorrisos, esperança, alegria...Uma mistura de sentimentos em erupção, quase explodindo enquanto você luta para controlar cada um deles. Cansaço. Desânimo.
-Até quando? Você se pergunta.
-Quanto tempo eu ainda vou suportar? Você se indaga esperando um resposta, mesmo que seja o eco de sua própria voz.
-Eu não aguento mais! Você se lamenta.
-Até quando? Você se pergunta novamente e então a resposta lhe aparece como uma nuvem acinzentada. Você percebe que têm estado ocupada demais se escondendo da verdade, com medo de gritar para o mundo o que sente e a partir daí não suportar mais sentir. E quando você percebe isso, você definitivamente gritou para si que não aceita mais isso, não aceita mais sofrer dessa forma, não aceita mais se anular, não se amar, não se valorizar, não se colocar como prioridade.
E você não aceita mais não se feliz.
E o que acontece depois?
Parece que de uma certa forma, quando você diz para o Universo que você não aceita dele nada menos que a felicidade, ele tem um jeito estranho e inigualável de fazer com que as coisas se ajeitem e aos poucos, a felicidade passa a ser a sua companhia novamente.
Quando não aceitamos algo que nos tem machucado, estamos não só dizendo não para aquela situação, mas, estamos dizendo não para toda e qualquer situação que tente nos derrubar.
Apenas não aceite àquilo que te faz mal, quando você tiver consciência do que realmente te faz mal, o Universo vai trabalhar para mudar essa situação.
Quer uma dica?
Não aceite a compulsão desenfreada do seu amado dependente químico, aceite a doença, é diferente.
Quando você aceita a doença, o Universo trabalha na cura, quando você aceita a compulsão, o que você recebe de volta é a Codependência, fruto dessa compulsão...
Boas 24 horas!
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GIULLIANA FISCHER FATIGATTI
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quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Momento certo!
Foi o momento certo.
Quanto mais o tempo passa, mais tenho plena convicção que tudo aconteceu em seu devido momento.
Eu fiz a minha escolha, isso não significa que eu não tenha sofrido com ela, não significa que tenha sido fácil fazê-la e arcar com as consequências que vieram depois, mas, foi sim, a escolha certa, na hora certa.
Eu escolhi sair de cena, dar alguns passos para trás, abrir espaço, soltar a mão dele e deixar que ele caminhasse com suas próprias pernas no exato momento em que um limite havia se formado, o limite dos nossos sentimentos e isso explica o fato de mesmo, tanto tempo depois, eu ainda ter por ele um sentimento lindo, de carinho, admiração, compaixão.
Eu o deixei antes que as drogas transformasse tudo o que de lindo vivemos em algo escuro e triste.
Eu o deixei antes que em minha memória ficassem apenas as lembranças de dor e lágrimas.
Eu o deixei antes que a minha doença se tornasse tão perigosa e mortal quanto a doença dele.
Eu o deixei antes que o amor que tínhamos um pelo outro se transformasse em raiva e nada mais.
Eu o deixei.
Eu o deixei livre para fazer as suas próprias escolhas, para reescrever a sua história, eu dei à ele uma página em branco com apenas um dizer no rodapé : Seja feliz!
E desde então, esse é o meu desejo, que ele encontre a felicidade, que ele saiba reconhecer a chegada dela.
Eu o amei com todo o meu coração, ele foi o meu mundo durante o tempo em que juntos ficamos e eu sei que fui o mundo dele também e por isso é tão importante para mim ter feito a escolha de deixá-lo na hora certa, é por isso que consigo viver com as boas lembranças dele mesmo em meio às lembranças dolorosas, porque não há um céu cinza de lembranças escuras sobre a minha cabeça, há somente tempestades pela qual eu passei.
Não matamos o nosso sentimento, pelo contrário, o vivemos como tínhamos que viver e pelo tempo em que tínhamos que viver.
Não tivemos tempo de nos magoar, não tivemos tempo de ferirmos um ao outro, toda dor sentida foi somente fruto da doença dele e das atitudes dele decorrente dessa doença, nada mais além disso, nenhuma decepção pessoal, nenhuma frustração que não fosse por causa da droga. Não, não tivemos.
Estou feliz com minha escolha, feliz por poder todos os dias dizer que Valeu a Pena.
E se alguém me perguntar como ainda consigo ter lembranças boas depois de tudo o que vivi com ele, eu responderei que foi porque paramos no tempo certo, aonde um dos sentimentos mais lindo do mundo ainda existia entre nós. Somente isso.
Boas 24 horas!
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GIULLIANA FISCHER FATIGATTI
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domingo, 4 de novembro de 2012
Amor e Raiva!
"...Ele quase não pronunciou palavra alguma, pálido, quieto, não conseguia me olhar nos olhos, ou não queria, porque sabia que meus olhos estavam ardendo em fogo enquanto eu o estudava minuciosamente. Depois do alívio de vê-lo bem, fui tomada por um sentimento obscuro, senti ódio dele, senti raiva, dele e de mim, queria desesperadamente entender o porquê. Ele havia estragado a minha noite de Natal, a nossa noite de Natal e parecia não estar se importando com isso!"
(Trecho do livro Valeu a Pena - A Jornada de uma Codependente )
E essa foi acho que a primeira vez que senti raiva dele, foi quando, cerca de uma semana após eu ter descoberto a recaída dele, após longos 3 anos, e na noite de Natal ele se presenteou com o seu objeto de desejo, necessidade e por que não, obsessaõ? Foi uma longa noite de espera, uma longa e torturante noite de espera, a primeira vez de fato que eu sabia o real motivo do seu desaparecimento, que eu sabia que a droga havia se tornado então, o seu bem mais precioso.
A única coisa que eu não sabia era como lidar com esse novo sentimento que passei a sentir. A Raiva.
Eu não sabia que senti-la fazia parte do processo e que trabalhá-la era a minha mais nova obrigação.
Houve momentos em que tive vontade de arremessá-lo em um penhasco e me jogar em seguida para salvá-lo, momentos em que tive vontade de atirar nele e me jogar na frente para não acertá-lo. Amor e raiva, dois sentimentos totalmente confusos e perdidos dentro de mim.
E estar ao lado de um dependente químico é exatamente isso, essa confusão de sentimentos, essa montanha-russa de emoções.
E quantas outras vezes não vim a sentir essa mesma sensação sem ainda entender que ela fazia parte do "pacote ajudando um dependente químico"? Eu sentia raiva dele cada vez que desaparecia e embora esse sentimento fosse neutralizado pela alegria de vê-lo vivo cada vez que ele retornava, ainda sim ele estava dentro de mim e eu não sabia como trabalhá-lo.
Sentir raiva não é um sentimento nobre, e eu não me permitia senti-lo, então comecei a trocá-lo por um sentimento muito pior, a Culpa. Toda e cada vez que ele sumia, que eu me sentia trocada pela droga, cada vez que ele agia como se não se importasse mais comigo e com meus sentimentos, eu passei a não mais sentir raiva dele por me fazer sofrer, eu passei a me culpar por não ser boa o bastante para fazê-lo parar, passei a me culpar por não ser o suficiente para ele ao ponto de tirar dele a vontade da droga.
Acredite, sentir raiva pode ser destruidor, mais, sentir culpa é apavorantemente pior. A raiva pode e precisa ser trabalhada, senti-la às vezes é necessário, para que possamos colocar para fora o que dentro de nós não pode mais ficar, mas, sentir culpa, é assumir a responsabilidade de algo que não temos controle algum e isso é capaz de nos matar lentamente.
O meu conselho?
Permita-se sentir raiva e depois disso, trabalhe-a! Se você não senti-la, não poderá substituí-la. Sinta a raiva que o momento exige e depois troque-a pela serenidade que você precisa!
Esse é o meu conselho, não fugir dos sentimentos e o mais importante, não trocá-los por sentimentos mais destrutivos ainda, como a culpa.
Boas 24 horas para nós.
Serenidade!
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GIULLIANA FISCHER FATIGATTI
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