segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Eu ainda acredito na recuperação!


Eu escolhi voltar a viver, eu soltei a mão dele mesmo ainda querendo estar ao lado dele, eu o deixei livre para fazer suas próprias escolhas mesmo sabendo que os riscos dele escolher o caminho errado eram grandes.
Eu não tive opção. Era ou a doença dele ou a minha saúde. Eu cheguei no meu fundo do poço e ele ainda estava em queda livre para o fundo do poço dele.

É, cada um tem o seu próprio fundo do poço e só se volta à superfície depois que se encontra o fundo, pois é lá no fundo que encontramos meios de nos impulsionar de volta à superfície.

Eu voltei, busquei forças para dar o impulso e voltar a ver a claridade, após um longo período na escuridão, no caos profundo.

Ele ainda não encontrou forças para dar o impulso final, talvez, ainda não tenha chego em seu próprio fundo do poço, mas, eu não desisti dele.

Eu desisti sim, de me acabar com ele, de me afogar com ele, de me matar com ele, mas, isso não significa ter desistido da recuperação dele, eu não perdi a fé nele, não perdi a fé em meu Poder Superior, eu só segui em frente, só me dei o direito de buscar a felicidade, de encontrar a felicidade.

É o chamado desligamento com amor, eu deliguei, por necessidade, mas, jamais deixei de acreditar na recuperação dele. Ainda espero por ela. Mesmo tanto tempo depois, eu escolhi não desistir, escolhi não esquecer.

E para você que se pergunta o que fazer, para você que se questiona se deve ou não continuar ao lado de seu amado dependente químico, vai a minha opinião:

Não existe uma resposta pronta para tal indagação, é o seu coração que vai lhe dizer o momento, só não deixe de ouvi-lo, porque se hoje olho para o meu passado com ternura é porque tive coragem de ouvir o meu coração e entender que o nosso tempo havia chego ao fim antes que a dor transformasse o que de bonito tivemos em algo escuro e sombrio.

Se você achar que o amor está a ponto de virar ódio, talvez esse seja o momento de pensar se não está em seu fundo do poço, e se estiver faça o que for necessário para sair dele, mas também para não permitir que o que os sentimentos que um dia existiu entre ambos, vire cinzas ou pó junto com as drogas.

Eu fiz a minha escolha, convivo com ela diariamente e ela me faz crer que Valeu a Pena!

Eu ainda acredito na recuperação.

Boas 24 horas.


domingo, 27 de janeiro de 2013

Estamos no Jornal o Estado de São Paulo!

Boa noite pessoas!

Como vocês estão? Eu sei, eu sei, ando sumida né? Mas é que estou em dois processos, um é o meu livro, que estou editando novamente, acrescentando detalhes que quando o escrevi, ainda não estava pronta para lembrar e que com o blog, me veio à tona e outro é um segundo livro, se no primeiro conto a minha história, o meu amor, a minha queda, no segundo estou contando a minha recuperação, meus momentos de racaidas, e tudo o que eu aprendi desde então.

Isso tem me tomado tempo, mas logo estarei de volta semanalmente aqui como antes. O blog é a minha recuperação.

Bom, na quinta a noite, recebi uma ligação de um jornalista do Jornal O Estado de São Paulo, Artur Rodrigues, entrou em contato comigo por telefone, ele ligou no meu celular, se identificou e perguntou quanto ao meu blog e quanto o livro.

Contei resumidamente a minha história para ele e falei que quando comecei a escrever no blog, éramos em cerca de 5 blogueiras(os) e que hoje estamos na casa dos 30, ele se interessou por essas histórias, disse que havia visto em meu blog comentários de outras blogues e então disse que faria a matéria sobre o assuntou.

Fique super feliz, indiquei vários blogues para ele ler, todos que me veio à mente, depois ele me enviou um e-mail e constatei que realmente era sério (eu estava com receio).

Bom, a matéria já saiu na internet e amanhã sai a versão impressa, segue abaixo o link

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/em-blogs-viciados-em-drogas-relatam-hist%C3%B3rias-e-medos

É um passo a mais para todas(os) nós!

TMJ


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Modus Operandi do dependente químico


Quem acompanha o blog, deve se lembrar da postagem "Desligando a humanidade" (aqui), onde falo que o dependente químico na ativa, desliga as suas emoções e passa a viver somente em função da droga, buscando nela o prazer e o alívio.

Hoje, vou falar do processo que se inicia quando o dependente desliga as suas emoções. É quase que sincronizado, ele desliga as suas emoções e aperta o "Start" em seu processo de "Modus Operandi".

Modus Operandi é uma expressão que vem do latim que significa modo de operação, utilizada para designar  uma maneira de agir, operar ou executar uma atividade seguindo sempre os mesmos procedimentos.

Na dependência química, utiliza-se muito o exemplo de uma mulher em uma praia, muito bonita, sozinha. Um homem normal, olha para ela, sente desejo por ela, pensa em flertar com ela. Mas, raciocina, pensa que ela pode ter um namorado ou marido e decide não se envolver em confusão. já o adicto olha para essa mulher e sente obsessão e parte para o assédio impulsivamente, pensando nas consequências dos seus atos, somente depois é que vai pensar nas consequências dos seus atos.

Em outras palavras, o adicto inicia um processo de piloto automático, um processo cíclico e repetitivo para nada além do que satisfazer a sua vontade e necessidade pela droga.

Todos nós temos um modus operandi, sem exceção, mas, o do dependente se potencialliza com o poder e efeito das drogas.

Diante disso, talvez, fique um pouco mais fácil entender e compreender a obsessão do dependente pela sua droga de preferência, o desespero e a compulsão dele para poder usá-la e usá-la. Não existe um segredo para desligar o tal modus operandi, é algo que dependente totalmente do dependente, ele é desligado quando o dependente chega em um determinado ponto onde algo de drástico acontece, drástico para ele, o chamado fundo do poço, é nesse momento que as chaves são invertidas, a chave do modus operandi é desligada e a chave das emoções começa a ser ligada lentamente.

E é nesse momento em que o dependente tem a chance de ser "resgatado" de seu submundo e trazido de volta ao mundo.

É cansativo, doloroso, massacrante e muitas vezes, quase que impossível, mas, saber identificar esse momento é de extrema importância no árduo trabalho para ajudar um dependente, é nesse hora em que a lacuna que se abre na vida do dependente quando está na ativa, se torna visível, aparente e com isso, possível de ser dominada, controlada, trabalhada e preenchida.

Acho que eu não soube identificar esse momento exato, talvez, eu não tenha percebido os sinais, mas, ainda sim, eu tentei e ainda sim eu sei que há no Anjo Gabriel, uma lacuna, em branco, vazia, precisando ser preenchida.

Espero pela notícia em que ele desligou o seu modus operandi e ligou novamente as suas emoções. Que o Universo trabalhe a favor dessa realização. Que assim seja.

Boas 24 horas.

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